O que está pressionando a alta nos preços da gasolina e do diesel?
Aumento nos preços dos combustíveis pode ficar ainda maior com a pressão da alta do dólar, ‘MP do fim do mundo’ e outros fatores.
Mesmo sem reajustes pela Petrobras, o motorista brasileiro está sentindo que abastecer o veículo está pesando mais no bolso agora do que no começo do ano. A má notícia é que esse aumento pode ficar maior nas próximas semanas, resultado de uma série de pressões que o mercado de combustíveis enfrenta.
A alta nos combustíveis é influenciada por fatores como o biodiesel usado na mistura do diesel, que ficou cerca de 14% mais caro, explica Rodrigo Zingales, diretor-executivo da Associação Brasileira de Revendedores de Combustíveis Independentes e Livres (AbriLivre). Além disso, o avanço do dólar, que pesa nas exportações da Petrobras, também tem impacto.
Outra questão importante para a situação dos preços é a Medida Provisória 1227/24, conhecida como “MP do fim do mundo”, que limita a compensação de créditos do PIS/Cofins pelas empresas do setor como forma de compensar a desoneração da folha salarial dos 17 setores e municípios. Ela influencia na decisão de jogadores importantes do mercado e pode elevar as cotações de gasolina, etanol e diesel.
“Antes de ser realmente efetivada essa [MP do PIS/Cofins], os principais agentes de mercado soltam notícias dizendo que vão aumentar o preço. As distribuidoras menores, que não têm condição de aumentar a oferta de combustível por causa das cotas restritas da Petrobras, falam que também vão aumentar”, disse Zingales em entrevista ao Money Times.
A distribuidora Ipiranga anunciou um reajuste nos preços como resposta imediata à medida do governo, mas o texto foi barrado no Senado e a empresa retrocedeu. A Vibra, integrante do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), foi mais uma a anunciar reajustes na mesma data.
O IBP estima que a aprovação da MP poderia resultar em aumentos de até R$ 0,36 por litro para a gasolina e até R$ 0,23 para o diesel, afetando a competitividade da indústria nacional e novos investimentos.
Longe do sossego
Além do temor imposto pela medida provisória, o aumento do dólar é outro fator que pode elevar os preços dos combustíveis nos próximos dias, considerando que ele impacta os custos de refinamento da Petrobras. A moeda norte-americana já avançou 3% desde o início de junho.
É possível que a Petrobras, para garantir a mesma margem de lucro que está definida para os acionistas, também tenha que aumentar o preço da gasolina e do diesel vendidos e produzidos por ela. Se ela aumentar, os importadores e outras importadoras também aumentarão, refletindo em alta para o preço nacional”, acrescentou o especialista.
Na opinião do executivo, o aumento mais recente nos postos é reflexo da alta nos valores das refinarias e distribuidoras, os quais são repassados aos postos sem uma cláusula de preço clara.