35% de etanol na gasolina: mudança deve afetar o desempenho de motos
Projeto de Lei 528/2020 propõe aumento de etanol e biodiesel, mas gera preocupações sobre custos e adaptações.
No início de 2024, o Projeto de Lei 528/2020 ganhou destaque, propondo mudanças substanciais na mistura dos combustíveis no Brasil.
Baseado na ideia de “combustível do futuro”, o projeto visa aumentar o percentual de etanol na gasolina e de biodiesel no diesel. Após passar pelo Senado e pela Câmara dos Deputados, a proposta aguarda apenas a sanção do Presidente Lula para entrar em vigor.
Caso aprovado, o novo teto para a mistura de etanol na gasolina será de 35%, um aumento de 7% em relação ao atual. Os caminhoneiros também serão afetados, pois o percentual de biodiesel no diesel passará de 14% para 20%.
Apesar das promessas de sustentabilidade, a nova proposta gera preocupação entre os consumidores devido ao impacto nos custos e na funcionalidade de veículos.
Combustíveis: aumento do etanol na gasolina
O aumento do etanol na gasolina para 35% deve levar a um crescimento nos gastos com abastecimento. Devido à queima mais rápida do etanol, os consumidores sentirão uma maior frequência na necessidade de reabastecer. Esse efeito é acentuado em carros flex, que podem utilizar qualquer proporção de etanol ou gasolina.
Veículos que utilizam apenas gasolina precisarão de ajustes eletrônicos para se adaptarem à nova mistura. Tais ajustes são necessários para que os motores funcionem corretamente com a nova composição, que tem uma octanagem diferente da anterior. Sem essa adaptação, o desempenho e a durabilidade dos motores podem ser comprometidos.
Impacto da mudança nas motos
As motos, especialmente as que utilizam exclusivamente gasolina, também sentirão os efeitos das novas misturas. Esses veículos podem enfrentar dificuldades operacionais sem as devidas adaptações. Caminhoneiros, por sua vez, terão que lidar com um aumento no percentual de biodiesel no diesel, passando de 14% para 20%.
Assim como os carros, os caminhões precisarão de ajustes para operar com eficiência. Especialistas destacam que esses veículos devem ser preparados eletronicamente para lidar com a nova composição de combustível. A falta dessa adaptação pode resultar em problemas mecânicos e aumento nos custos de manutenção.
Aspectos políticos e econômicos
O discurso em torno dos combustíveis sustentáveis é promovido como uma solução ecológica. No entanto, a influência da bancada ruralista no cenário político brasileiro é significativa. Esse grupo tem um forte interesse na produção de etanol e biodiesel, o que pode explicar a pressão política por essas mudanças.
Ainda que exista um interesse legítimo na sustentabilidade, os efeitos práticos das novas misturas podem ser onerosos para os consumidores finais. Além de custos adicionais, a falta de adaptação dos veículos representa um desafio considerável.
Em resumo, o Projeto de Lei 528/2020 busca impulsionar uma agenda sustentável com o aumento dos percentuais de etanol e biodiesel nos combustíveis. Contudo, essa mudança traz à tona preocupações sobre custo operacional e necessidade de adaptações tecnológicas nos veículos.
O impacto econômico e político dessa proposta não pode ser ignorado, exigindo uma análise cuidadosa por parte de todos os envolvidos.