Misturar querosene no combustível: absurdo inaceitável ou prática vantajosa?
Recomendações na internet incentivam uso perigoso de querosene em veículos, causando riscos e prejuízos aos motores.
A prática de adicionar querosene a combustíveis automotivos está se tornando uma tendência preocupante, impulsionada por dicas duvidosas na internet. Este hábito, que promete melhorias na performance dos veículos, tem potencial para causar danos significativos.
Especialistas destacam os riscos associados a essa mistura e alertam que seus prejuízos podem ser grandes para o proprietário.
O querosene, tradicionalmente empregado em turbinas de aviões, está sendo utilizado de forma inadequada em automóveis por muitos brasileiros. A ideia de que essa substância pode limpar o motor é um mito perigoso, mas postos de combustíveis inescrupulosos têm explorado essa crença para enganar consumidores desavisados.
Riscos da mistura com gasolina e diesel
Adicionar querosene à gasolina ou ao etanol pode resultar em sérios problemas mecânicos no veículo. A octanagem do produto é extremamente baixa, inferior a 20 octanas, em comparação com os mais de 80 octanas da gasolina, o que resulta em um desempenho prejudicado e danos à mecânica do veículo.
Para veículos a diesel, alguns conteúdos espalhados pelas redes sociais sugerem que o querosene ajuda na partida em manhãs frias. Entretanto, o uso inadequado também representa um perigo significativo.
Além de todos esses riscos, a presença do combustível impróprio no sistema de arrefecimento pode causar falhas imprevisíveis, acarretando prejuízos consideráveis aos consumidores. Portanto, é melhor repensar essa mistura.
O uso indiscriminado de querosene em automóveis representa mais riscos do que benefícios. Embora a busca por um equilíbrio entre economia e performance seja um desafio, a recomendação é manter a cautela e consultar especialistas antes de adotar práticas não convencionais.
Etanol e gasolina: vantagens e desvantagens
Falando de misturas, donos de carros flex muitas vezes misturam etanol e gasolina para tentar maximizar benefícios e economizar. Contudo, a proporção ideal para obter o melhor desempenho ainda é uma dúvida comum.
A Associação Brasileira de Engenharia Automotiva alerta que, na prática, o rendimento não aumenta significativamente porque a gasolina brasileira já contém até 27% de etanol na mistura. Por outro lado, misturar os dois pode oferecer leve economia financeira, mas ela é pequena.
“Com isso, a busca pelo equilíbrio entre desempenho e economia continua a ser um desafio constante para os condutores que buscam carros flex no Brasil”, explica Luciana Félix, especialista em mecânica de automóveis e gestora da Na Oficina.