Carros mais baratos? O que esperar após o acordo Mercosul e União Europeia

Redução de tarifas de importação pode revolucionar o setor automotivo no Brasil, mas também impõe desafios significativos.

Após duas décadas e meia de negociações, o Mercosul e a União Europeia finalmente selaram um Acordo de Associação no dia 7 de dezembro de 2024. Este tratado histórico promete modificar significativamente as economias dos países envolvidos, com um foco especial no setor automotivo.

No Brasil, as expectativas são altas, pois o acordo prevê uma redução escalonada das tarifas de importação para veículos nos próximos dez anos.

Atualmente, os impostos sobre carros importados são de 35%, mas após o período determinado, serão praticamente eliminados, tornando os veículos europeus mais atraentes para o consumidor brasileiro.

Desafios e oportunidades para a indústria brasileira

A presença de carros europeus no Brasil exigirá que as montadoras locais se esforcem para oferecer mais competitividade em termos de custo-benefício.

Com isso, a indústria nacional enfrenta a pressão de adaptar suas estratégias para não perder espaço para veículos importados, reconhecidos por sua qualidade e tecnologia.

As empresas do setor terão que se reinventar ao longo dos próximos anos para não perder espaço, tanto no mercado interno quanto no latino-americano, intensificando a necessidade de inovação e competitividade.

Por outro lado, o acordo abre portas para a exportação de peças e componentes automotivos brasileiros para a União Europeia, o que pode integrar a indústria nacional às cadeias globais de valor. Além disso, aproximadamente 97% das exportações industriais brasileiras para a UE terão tarifas reduzidas.

O equilíbrio econômico entre Mercosul e UE

Conhecido como “acordo carne por carros”, o tratado reflete o intercâmbio de interesses dos blocos. Enquanto o Mercosul foca em exportar produtos agrícolas, a União Europeia busca expandir a venda de veículos e tecnologia.

A Alemanha espera aumentar sua presença no mercado sul-americano, enquanto países como França e Itália manifestam preocupações sobre a competição no setor agrícola.

O grande foco agora é a necessidade de modernizar a indústria brasileira para aproveitar ao máximo as oportunidades do acordo. O Brasil poderá se posicionar como um participante competitivo no comércio global, mas precisará investir em tecnologia e sustentabilidade.

A integração de veículos elétricos ou híbridos e a aposta em eficiência energética são caminhos estratégicos para enfrentar as exigências do novo mercado. A transformação pode ser gradual, mas é uma necessidade para garantir a sobrevivência das montadoras locais.

E os preços?

Os consumidores brasileiros podem esperar mais variedade de veículos importados com maior qualidade e preços mais acessíveis.

Embora o acordo ainda demande revisões jurídicas e aprovação parlamentar, já se desenha como um divisor de águas. Ao abrir o mercado, o tratado não só cria oportunidades, mas também obriga a indústria local a inovar e competir em um ambiente mais exigente.

Contudo, a capacidade de adaptação e inovação das montadoras nacionais será crucial para manter sua relevância e participação no mercado, garantindo os benefícios esperados.

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