Quem está certo? Dados da CNT sobre rodovias brasileiras contradizem governo

Discrepâncias surgem entre dados do Governo Federal e da CNT sobre a condição das rodovias brasileiras, destacando desafios para o transporte no país.

Uma recente análise do estado das rodovias brasileiras revela divergências significativas entre dados apresentados pelo Governo Federal e pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). A pesquisa da CNT avaliou aproximadamente 111.853 quilômetros de vias pavimentadas, abrangendo rodovias federais e estaduais, públicas e concessionadas.

A discussão sobre a qualidade das rodovias reacende preocupações sobre o transporte nacional, especialmente considerando os fatores econômicos e logísticos envolvidos.

Os resultados indicam que 67% das estradas nacionais apresentam problemas, com classificações de regular, ruim ou péssimo. Esse cenário contrasta com a visão otimista do Governo Federal sobre a infraestrutura rodoviária.

Enquanto isso, o levantamento governamental feito pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) mostra uma situação mais favorável. De acordo com o governo, 75% das estradas administradas foram consideradas em condições boas.

Avaliação regional e discrepâncias

Foto: Shutterstock

Regiões como o Norte apresentam os maiores desafios, com 75,2% das rodovias consideradas inadequadas pela CNT. Já o Sul, embora também destaque problemas, tem sido alvo de operações emergenciais para reverter danos causados por enchentes.

O contraste nos resultados se intensifica com a metodologia do DNIT, que destaca melhorias significativas em estados como Acre e Amazonas.

O DNIT utiliza uma metodologia avançada com suporte da Inteligência Artificial para aferir esses dados. A adoção de tecnologias de filmagem de alta precisão é um diferencial crucial no levantamento governamental.

Investimentos e rodovias privatizadas

Um fator central na discussão é o investimento em infraestrutura rodoviária. A pesquisa da CNT indica que, historicamente, as rodovias privatizadas recebem mais recursos por quilômetro comparadas às públicas. Mesmo com a crescente alocação de verbas públicas, as concessões privadas continuam a ter destaque financeiro.

Enquanto os gastos públicos em rodovias cresceram de R$ 6,97 bilhões em 2022 para R$ 13,22 bilhões em 2023, as concessões privadas têm consistentemente recebido investimentos mais robustos. Esta diferença de abordagem financeira impacta diretamente a qualidade percebida das rodovias.

Impactos econômicos

Além de considerações estruturais, a qualidade das rodovias influencia diretamente o consumo de combustível. A CNT aponta que estradas inadequadas aumentam em 5% o consumo de diesel, gerando um desperdício substancial de recursos energéticos.

Essa questão é ainda mais crítica quando se considera que 95% dos passageiros e 65% das cargas no Brasil dependem do transporte rodoviário. A eficiência das rodovias é, portanto, essencial para a economia nacional e para a competitividade do país no cenário global.

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