Carros 0 km estão MUITO caros e a culpa não é só das montadoras

Preço elevado dos carros no Brasil é influenciado por diversos fatores além das margens de lucro das montadoras, como impostos e custos de produção.

Os preços dos veículos zero quilômetro no Brasil têm gerado debates acalorados. Embora frequentemente se aponte as montadoras como principais responsáveis, uma análise mais detalhada revela nuances significativas. Ao decompor o valor dos automóveis, percebe-se que as margens de lucro não são as únicas culpadas.

Comparando-se internacionalmente, verifica-se que as diferenças de preço vão além das margens de lucro. O VW Polo 200 TSI Highline, vendido no Brasil por R$ 127.490, custa US$ 20.934 quando convertido. Na Espanha, o mesmo modelo é oferecido por US$ 27.500 (R$ 162.538,75).

Essas disparidades são, em grande parte, atribuídas aos diferentes regimes tributários. Na Espanha, a carga tributária sobre automóveis é de 17,3%, enquanto no Brasil, para modelos com motores de até 1 litro, chega a 24,7%. Tais números evidenciam o impacto dos impostos no preço final.

VW Polo 200 TSI Highline (Foto: Divulgação/Volkswagen)

Impacto da tributação nos preços: comparativo internacional

O México apresenta um cenário similar, com o Chevrolet Onix Plus Premier custando US$ 21.200 (R$ 125.302,60). Após a dedução de 16% de impostos, o preço cai para US$ 18.300 (R$ 108.162,15). No Brasil, o mesmo carro é vendido por US$ 22.149 (R$ 130.911,66), com a desoneração resultando em US$ 17.762 (R$ 104.982,30).

Modelos importados também sofrem com altas taxas. O Ford Bronco, por exemplo, é vendido nos EUA por US$ 42.000 (R$ 248.241), mas a carga tributária é de apenas 7%. No Brasil, os impostos chegam a 60%, elevando significativamente o preço final.

Proteção e incentivos à indústria local

O Brasil adota medidas protecionistas para resguardar a indústria automotiva nacional. Recentemente, criaram-se barreiras contra veículos híbridos e elétricos importados, aumentando os impostos para favorecer os produtores locais. Contudo, essa proteção gera questionamentos sobre a competitividade e a inovação.

Além das montadoras, as concessionárias também desempenham um papel crucial na economia brasileira. Com 315 mil empregos diretos, superam os 107 mil postos de trabalho gerados pelas fabricantes. Assim, políticas devem considerar tanto a produção quanto a venda e manutenção de veículos.

No geral, discutir apenas as margens de lucro das montadoras não captura toda a complexidade dos preços dos carros no Brasil. Fatores como impostos, custos de produção e proteções industriais contribuem significativamente. Uma análise abrangente é crucial para entender o cenário automotivo nacional.

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