Incrível! Inteligência artificial já consegue prever colisões antes que aconteçam

Pesquisa no Paraná utiliza inteligência artificial para prever e reduzir acidentes nas rodovias, prometendo maior segurança.

Com o uso estratégico de inteligência artificial e técnicas avançadas de mineração de dados, pesquisadores brasileiros estão desenvolvendo soluções promissoras para um dos maiores problemas de segurança pública: os acidentes de trânsito.

O Brasil, infelizmente, ocupa o terceiro lugar no ranking mundial de países com mais mortes nas estradas, segundo dados alarmantes da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Somente em 2024, mais de 6 mil pessoas perderam a vida nas rodovias federais brasileiras, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Esse cenário pode mudar, e a tecnologia tem um papel fundamental nesse processo.

Uma pesquisa desenvolvida pelo Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana (PPGTU) da PUC-PR, em parceria com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), revela como o uso de algoritmos pode prever acidentes de trânsito com até 94% de precisão.

Mais do que um avanço acadêmico, trata-se de um passo significativo rumo a políticas públicas mais eficazes e à preservação de milhares de vidas.

Como a inteligência artificial ajuda a prever acidentes de trânsito

Foto: Shutterstock

Para desenvolver o modelo preditivo, os pesquisadores analisaram dois extensos conjuntos de dados sobre acidentes nas rodovias do Paraná: o primeiro com ocorrências entre 2004 e 2013 e o segundo com registros de 2019 a 2024.

A partir dessas informações, foram aplicadas quatro técnicas de mineração de dados, com destaque para o software CBA (Classification Based on Associations), capaz de identificar padrões e gerar regras de associação para prever a ocorrência e a gravidade dos acidentes.

Entre as variáveis analisadas para o treinamento do algoritmo estão:

  • Condições da infraestrutura viária;
  • Perfil dos usuários;
  • Condições climáticas e de iluminação;
  • Tipos de transporte envolvidos;
  • Velocidade média das vias;
  • Presença de perímetro urbano.

Esses dados permitiram ao modelo indicar com precisão quando e onde há maior risco de acidentes, o que pode subsidiar a instalação de medidas preventivas como:

  • Sinalização vertical reforçada;
  • Instalação de radares e lombadas eletrônicas;
  • Criação de passagens em desnível e vias de contorno;
  • Melhorias na iluminação pública;
  • Redução de velocidade em trechos críticos.

Fatores que aumentam a frequência e a gravidade dos acidentes

Com base nos dados analisados, os pesquisadores identificaram os principais fatores que contribuem para a ocorrência e a gravidade dos acidentes de trânsito no Paraná.

Fatores que aumentam a frequência:

  • Presença de segunda ou terceira faixa (65,8%);
  • Maior sinuosidade do terreno (62,2%);
  • Áreas de ultrapassagem com sinalização por linha tracejada (56,3%);
  • Presença de acostamento (53,9%);
  • Iluminação insuficiente (48,2%).

Fatores que aumentam a gravidade:

  • Presença de perímetro urbano (93,5%);
  • Maior sinuosidade do terreno (66,8%);
  • Iluminação deficiente (62,1%);
  • Áreas de ultrapassagem (59,7%);
  • Velocidade elevada (44,5%).

Precisão de até 94%: a promessa de salvar vidas com dados e tecnologia

Os modelos preditivos desenvolvidos apresentaram índices de acerto superiores a 90%, chegando a 94% em algumas simulações.

Essa margem de precisão torna possível antecipar acidentes fatais e traçar planos de ação mais estratégicos, baseados em dados concretos.

“A metodologia desenvolvida permite identificar padrões recorrentes por meio de regras de associação que revelam as causas ou fatores relacionados aos acidentes”, explica Gabriel Troyan Rodrigues, doutorando do PPGTU e um dos autores da pesquisa.

Segundo o professor Fábio Teodoro de Souza, também envolvido no estudo, a proposta tem potencial para ser replicada em diferentes estados e municípios.

“Acreditamos que a mineração de dados aplicada à segurança viária tem enorme potencial para apoiar a formulação de políticas públicas mais eficazes, com base em evidências concretas”.

Tecnologia e gestão pública: um caminho promissor para a segurança viária

Com mais de 3,5 mil mortes por dia em acidentes de trânsito no mundo, segundo a OMS, o uso de tecnologias como a inteligência artificial para prevenção é mais do que uma inovação: é uma necessidade urgente.

A pesquisa da PUC-PR reforça que, com uma análise de dados bem estruturada, é possível transformar o caos do trânsito em um sistema mais seguro, eficiente e humano, onde vidas não sejam desperdiçadas por falhas evitáveis.

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