Como transferir o carro sem passar raiva: 4 erros comuns e soluções práticas

Entenda os desafios comuns na transferência de veículos e como evitá-los com orientações do Detran.

A transferência de veículos é uma das etapas mais importantes após a compra ou venda de um carro usado. Muito além de uma simples formalidade burocrática, ela garante segurança jurídica para comprador e vendedor, evitando prejuízos, multas indevidas e até complicações legais.

Porém, quem já passou por esse processo sabe que problemas na transferência de veículos são mais comuns do que parecem.

Falhas na documentação, pendências financeiras, reprovações em vistoria veicular e até a falta de registro no RENAVE estão entre os obstáculos relatados com frequência pelos motoristas.

Transferência de carro sem estresse: 4 erros mais frequentes e como resolver

Foto: Shutterstock

Para esclarecer quais são os principais perrengues e como resolvê-los, listamos as situações mais recorrentes e as melhores práticas para evitá-las. Confira abaixo:

1. Venda sem reconhecimento de firma ou sem emissão do ATPV-e

Problema: muitos proprietários vendem o veículo, recebem o pagamento e entregam o bem, mas deixam de formalizar corretamente a transação. Isso acontece quando não há reconhecimento de firma no CRV (em papel moeda) ou quando não é emitido o ATPV-e (Autorização para Transferência de Propriedade de Veículo Eletrônica).

O risco? O veículo continua no nome do antigo dono, que passa a receber multas e débitos, mesmo sem ser mais o proprietário de fato.

Como evitar: sempre formalize a venda em cartório (CRV físico com firma reconhecida por autenticidade) ou por meio dos aplicativos oficiais do Detran-SP, CDT (Carteira Digital de Trânsito) ou Poupatempo Digital, com validação via reconhecimento facial.

No caso de documento digital, gere o ATPV-e obrigatoriamente antes de assinar e concluir a operação.

Solução: caso a venda já tenha ocorrido de forma incorreta, o vendedor pode solicitar ao Detran-SP o bloqueio administrativo por venda sem preenchimento do CRV, o que impede o licenciamento do carro até a regularização. Porém, é importante ressaltar que, pelo artigo 134 do CTB, a responsabilidade do vendedor não é anulada até a conclusão da transferência.

2. Débitos e pendências do veículo

Problema: muitos compradores descobrem dívidas ocultas apenas na hora de transferir o carro, como multas, IPVA atrasado ou valores inscritos em Dívida Ativa.

Sem a quitação, a transferência não pode ser concluída, e o novo dono corre o risco de assumir responsabilidades financeiras inesperadas.

Como evitar: consulte sempre a situação do veículo nos canais oficiais antes da compra:

  • Detran-SP: débitos e restrições do veículo.
  • Secretaria da Fazenda: situação do IPVA.
  • PGE-SP: consulta de dívidas ativas quando o IPVA está atrasado há mais de um ano.

Solução: realize a checagem prévia e negocie para que o vendedor regularize as pendências antes da venda. Assim, o comprador evita assumir dívidas indevidas.

3. Problemas na vistoria veicular

Problema: a reprovação em vistoria veicular é outro grande obstáculo. Questões simples, como pneus carecas, faróis queimados ou películas irregulares, já são suficientes para barrar a transferência.

Em casos mais graves, irregularidades na numeração de chassi ou motor podem levantar suspeitas de adulteração e até inviabilizar a transferência.

Como evitar: faça uma revisão completa antes da vistoria obrigatória. Solicite uma vistoria cautelar em uma ECV (Empresa Credenciada de Vistoria) antes mesmo da compra de um carro usado.

Assim, é possível identificar sinistros, adulterações e problemas estruturais que afetem a segurança e a legalidade do veículo.

Solução: Para itens simples, basta corrigir as irregularidades e repetir a vistoria. Para problemas em chassi ou motor, pode ser necessário solicitar a remarcação oficial junto ao Detran, um processo mais demorado e burocrático.

4. Compra em concessionárias e lojas sem registro no RENAVE

Problema: o RENAVE (Registro Nacional de Veículos em Estoque) é obrigatório para estabelecimentos credenciados. Porém, quando a venda não é registrada no sistema, o carro pode permanecer vinculado ao estoque da loja ou até no nome do antigo dono, causando multas e complicações futuras para o comprador.

Como evitar: sempre confirme se a transação será registrada no RENAVE antes de concluir a compra. Esse sistema garante mais segurança, transparência e rastreabilidade da negociação.

Solução: se a compra já foi feita sem registro, o comprador pode:

  • Registrar a comunicação de venda com o antigo proprietário em cartório.
  • Priorizar futuras negociações apenas com lojas que utilizem corretamente o RENAVE.
  • Consultar débitos do veículo em órgãos oficiais e, em casos de risco, avaliar se vale a pena manter o negócio.

Transferência online: mais agilidade para o motorista

Uma novidade que facilita o processo é a Transferência Digital de Veículos (TDV), disponível em todo o Estado de São Paulo.

Através da plataforma, é possível realizar a transferência 100% online, sem precisar ir ao Detran, apresentar documentos físicos ou digitalizados.

Esse avanço tecnológico representa mais agilidade, praticidade e segurança para motoristas que desejam comprar ou vender veículos usados.

Por fim, a transferência de veículos pode parecer burocrática, mas com planejamento, consultas prévias e uso dos canais oficiais do Detran-SP, é possível evitar dores de cabeça.

Seja para vendedor ou comprador, atenção aos detalhes garante uma negociação segura, transparente e sem prejuízos.

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