Trânsito nas rodovias: problemas psicológicos estão por trás de 30% dos acidentes

Estudo da PRF revela que 30% dos acidentes em rodovias federais são impactados por questões de saúde mental, destacando a importância de cuidados psicológicos.

Quando pensamos em acidentes de trânsito, geralmente relacionamos os números a fatores como falhas mecânicas, excesso de velocidade, uso de álcool ou imprudência ao volante.

No entanto, um aspecto frequentemente negligenciado tem chamado cada vez mais atenção: a saúde mental dos motoristas.

Um levantamento recente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) revelou dados alarmantes que mostram como transtornos emocionais impactam diretamente a segurança nas rodovias federais brasileiras.

Segundo a PRF, 30% dos acidentes registrados entre janeiro e setembro de 2024 tiveram ligação direta com problemas de saúde mental.

Os números vão além: motoristas em sofrimento psicológico foram responsáveis por 24% das mortes e 29% dos feridos no período analisado.

Esses dados escancaram a necessidade urgente de se discutir o tema e de adotar políticas que integrem o cuidado psicológico como parte da segurança viária.

Foto: Shutterstock

Caminhoneiros: os mais expostos aos riscos

O estudo chama atenção especial para os motoristas de caminhão, profissionais que passam dias ou até semanas longe de casa, enfrentando jornadas exaustivas, solidão e alta pressão emocional.

De acordo com o levantamento, caminhoneiros estiveram envolvidos em 18.511 acidentes, que resultaram em 2.884 mortes e mais de 19 mil feridos.

Como dirigem veículos pesados e de difícil controle, as consequências de um acidente nesse cenário tendem a ser muito mais graves.

Já os condutores de ônibus também apresentam índices preocupantes: foram registrados 2.233 acidentes, resultando em 407 óbitos e 4.697 feridos.

Esses números mostram que a saúde mental dos profissionais do transporte coletivo e de cargas não pode mais ser ignorada.

Situação dos caminhoneiros é ainda mais preocupante, sobretudo diante de fatores como isolamento da família, falta de uma rotina de sono, além de jornadas exaustivas de trabalho (Foto: Shutterstock)

A rotina que adoece

De acordo com Diogo Figueiredo, especialista da CEPA Mobility, jornadas longas e desgastantes, associadas ao isolamento familiar, ao sono irregular e ao estresse constante, favorecem o surgimento de ansiedade, depressão e até uso de substâncias como tentativa de aliviar a pressão.

Além disso, a falta de tempo e oportunidade para a prática de atividades físicas agrava ainda mais esse cenário, comprometendo o equilíbrio emocional e físico dos motoristas.

Caminhos para a prevenção

A prevenção dos acidentes de trânsito relacionados à saúde mental exige uma combinação de cuidados individuais e medidas coletivas. O autocuidado é apontado como essencial, incluindo:

  • Sono de qualidade e pausas regulares para descanso;
  • Manutenção do contato social com familiares e amigos;
  • Atividades de lazer e relaxamento nas horas livres;
  • Prática de exercícios físicos para reduzir o estresse e melhorar a disposição.

Sinais como irritabilidade, cansaço extremo, tristeza profunda ou falta de atenção devem ser encarados como alertas. Reconhecer essas mudanças e buscar apoio profissional pode ser decisivo para evitar tragédias nas estradas.

Saúde mental e trânsito: uma pauta urgente

A cada nova estatística divulgada, fica claro que a saúde mental precisa ser tratada como fator determinante para a segurança no trânsito.

Mais do que fiscalizar, é fundamental promover condições de trabalho mais saudáveis, investir em programas de apoio psicológico e conscientizar motoristas sobre a importância de cuidar do corpo e da mente.

Afinal, proteger a saúde mental é também proteger vidas nas rodovias.

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