Adeus aos carros a combustão em 2035? Montadoras revelam a verdade que ninguém conta

Montadoras europeias alertam que proibir motores a combustão até 2035 é inviável devido a desafios industriais e geopolíticos.

A corrida da União Europeia para eliminar os motores a combustão até 2035 enfrenta uma forte resistência das maiores montadoras de automóveis do continente.

Representadas pela Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA) e pela Associação Europeia de Fornecedores Automotivos (CLEPA), as empresas afirmam que a meta de banir totalmente os veículos a combustão em pouco mais de dez anos é “simplesmente inviável” diante das condições atuais do mercado.

Em uma carta conjunta enviada à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, líderes da indústria reforçam que a proposta, apesar de alinhada aos objetivos climáticos, desconsidera os inúmeros desafios que ainda limitam a transição para a eletrificação em larga escala.

Por que as montadoras dizem que o banimento é inviável?

Foto: Shutterstock

Segundo o CEO da Mercedes-Benz e presidente da ACEA, Ola Källenius, e o presidente da Schaeffler CLEPA, Matthias Zink, o setor está sendo pressionado a promover uma transformação radical “com as mãos atadas nas costas”. Entre os principais obstáculos, a carta destaca:

1. Baixa demanda por veículos elétricos (EVs)

Apesar dos incentivos, apenas 15% dos carros de passeio e 9% das vans na Europa são totalmente elétricos. A adoção é desigual entre os países, e as montadoras ainda dependem fortemente das vendas de veículos a combustão para financiar a transição.

2. Dependência da Ásia para baterias

A produção de baterias continua concentrada na Ásia, deixando a Europa vulnerável a custos elevados e gargalos na cadeia de suprimentos. Essa dependência limita a competitividade da indústria automotiva europeia.

3. Infraestrutura de carregamento insuficiente

O continente ainda não possui uma rede de carregamento robusta e homogênea. Em várias regiões, a infraestrutura é precária e incapaz de suportar uma frota 100% elétrica.

4. Pressões geopolíticas

Além dos fatores internos, a carta lembra que tarifas e barreiras comerciais, como as aplicadas pelo governo dos EUA em gestões anteriores, também criam incertezas e aumentam os custos da produção.

Competitividade e empregos em risco

A crítica das montadoras não é apenas técnica, mas também social e econômica. O setor automotivo é o maior empregador industrial da Europa, e uma transição acelerada sem condições adequadas pode colocar em risco milhões de postos de trabalho e a competitividade internacional das empresas.

Por isso, os líderes pedem que a redução das emissões de CO2 seja “recalibrada”, adotando um ritmo mais realista que leve em conta tanto a realidade industrial quanto o contexto geopolítico global.

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