Fim da linha para motoristas de aplicativo? CEO da Uber prevê substituição por robôs em até 10 anos

Profissão de motorista de aplicativo enfrenta um futuro incerto com a crescente adoção de tecnologias autônomas.

O futuro do trabalho como motorista de aplicativo pode estar em risco, ao menos na visão de Dara Khosrowshahi, CEO da Uber.

Em uma entrevista recente ao Wall Street Journal, o executivo afirmou que a profissão, hoje exercida por milhões de pessoas no mundo, pode desaparecer dentro da próxima década com a chegada em massa dos veículos autônomos impulsionados pela inteligência artificial (IA).

A declaração acende um debate urgente sobre tecnologia, empregos e mobilidade urbana. Afinal, será mesmo que os motoristas de aplicativo estão com os dias contados?

Uber prevê o fim da profissão em até 15 anos

Foto: Shutterstock

Dados da própria Uber revelam a dimensão do setor: somente nos Estados Unidos, mais de sete milhões de pessoas atuam como motoristas ou entregadores de aplicativo.

Além disso, segundo relatório da Creative Fabrica, dirigir carros de aplicativo foi uma das profissões mais buscadas no Google em 2024, refletindo o interesse crescente por essa fonte de renda.

Apesar disso, Khosrowshahi é categórico:

“Daqui a 15 ou 20 anos, o veículo autônomo vai dirigir melhor do que qualquer motorista humano. Máquinas não se distraem e serão treinadas com dados equivalentes à vida de milhões de pessoas”, afirmou.

O executivo defende que a transição já começou. Em São Francisco, por exemplo, carros autônomos da Waymo já circulam de forma regular. Em Las Vegas, veículos da Tesla já realizam trajetos simples, como o caminho entre o aeroporto e o centro da cidade.

Segundo Khosrowshahi, em até 10 anos veremos uma rede híbrida de motoristas humanos e robôs, mas com os humanos progressivamente perdendo espaço.

Pesquisas reforçam, mas também limitam

Um estudo da Universidade da Califórnia comparou 2.100 acidentes com veículos autônomos e 35 mil envolvendo motoristas humanos.

Os resultados mostram que os carros sem condutor tendem a tomar mais precauções de segurança, mas ainda apresentam falhas relevantes, sobretudo em condições de baixa visibilidade, como durante a noite ou ao amanhecer.

Isso indica que a substituição não será imediata, mas um processo gradual, que pode se intensificar com a expansão e barateamento da tecnologia.

Especialistas veem outro futuro para os motoristas

Nem todos concordam com a visão pessimista para os motoristas de aplicativo. Um estudo da Universidade de Oxford, aplicado ao mercado brasileiro, prevê que até 58,1% das profissões podem desaparecer em 20 anos por conta da automação, número que chega a 62% se considerados os empregos informais.

No entanto, especialistas afirmam que isso não significa o fim do trabalho humano, mas sim uma transformação. Para Miguel Lannes Fernandes, coordenador do MBA de Inteligência Artificial para Negócios da EXAME + Saint Paul, a resposta é clara:

“Profissionais que usam inteligência artificial serão mais produtivos do que aqueles que não usam. A grande diferença estará em quem souber liderar projetos com IA e se adaptar mais rápido.”

De acordo com o especialista, a tecnologia não elimina necessariamente postos de trabalho, mas cria novos. Uma busca rápida no LinkedIn, por exemplo, já aponta mais de 2 mil vagas abertas em carreiras relacionadas à inteligência artificial.

O que esperar do futuro da profissão?

O debate mostra dois caminhos possíveis: de um lado, a visão das grandes empresas de tecnologia, que enxergam os carros autônomos como inevitáveis; de outro, a análise de especialistas que acreditam em uma convivência entre humanos e máquinas, com novos modelos de trabalho surgindo.

Para quem atua como motorista de aplicativo, a mensagem é clara: acompanhar as mudanças e buscar adaptação será essencial. A tecnologia vai transformar o setor, mas quem souber utilizá-la a seu favor terá mais chances de se destacar.

*Com informações EXAME

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