Adeus cheirinho de novo? Novo imposto pode transformar 0 km em artigo de luxo no Brasil
Medida ameaça aumentar preços de carros no Brasil. Anfavea busca limitar alíquota em 5% para evitar impacto negativo.
Comprar um carro zero-quilômetro no Brasil pode se transformar em um privilégio para poucos. Isso porque o novo Imposto Seletivo, previsto na Reforma Tributária, ameaça elevar de forma drástica os valores dos automóveis, criando um cenário de incertezas tanto para consumidores quanto para a indústria.
A discussão no Senado Federal já movimenta montadoras, entidades do setor e especialistas em economia, com potencial para redefinir o futuro da mobilidade no país.
O que é o Imposto Seletivo e por que ele preocupa o setor automotivo?
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Originalmente, o Imposto Seletivo foi concebido para taxar produtos considerados nocivos à saúde ou ao meio ambiente, como cigarros e bebidas alcoólicas. No entanto, a inclusão dos automóveis nessa categoria gerou forte polêmica.
O ponto central da disputa está na ausência de um limite para a alíquota. Hoje, o texto da reforma permite que a cobrança varie de 10% a até 35%, segundo cálculos da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).
Esse cenário, se confirmado, poderia significar aumentos expressivos no preço final, dificultando ainda mais o acesso da população a um carro novo.
O que as montadoras defendem no Senado?
A principal bandeira levantada pela Anfavea é a definição de um teto de 5% para o imposto seletivo aplicado sobre automóveis.
A entidade argumenta que não se trata de buscar privilégios, mas sim de garantir previsibilidade tributária e segurança jurídica para o setor.
Com essa medida, o objetivo seria manter a carga tributária em patamares próximos aos atuais, evitando uma “explosão” nos preços.
A associação lembra que as montadoras já anunciaram R$ 190 bilhões em investimentos para o Brasil nos próximos anos, valores que poderiam ser revistos caso a incerteza tributária permaneça.
Como o consumidor pode ser afetado?
Para o brasileiro que sonha em comprar um carro zero, os riscos de um imposto sem teto são claros:
- Preços mais altos: o valor final dos carros pode disparar, tornando o sonho do 0km cada vez mais distante.
- Queda nas vendas: a retração no mercado pode ser inevitável, reduzindo o número de compradores.
- Frota envelhecida: com menos acesso a veículos novos, a tendência é manter carros antigos por mais tempo, aumentando riscos de acidentes e emissões poluentes.
- Impactos na indústria: a falta de regras claras pode comprometer investimentos, gerar insegurança jurídica e ameaçar milhares de empregos.
O que esperar dos próximos capítulos
O debate sobre o Imposto Seletivo ainda está em curso no Senado, e as próximas decisões serão determinantes para o futuro do mercado automotivo no Brasil.
Caso a proposta da Anfavea seja aceita, os preços podem se manter estáveis. Mas se prevalecer a versão atual, o brasileiro pode ver o carro zero se transformar em um verdadeiro artigo de luxo.