SUS gasta R$ 449 milhões com vítimas de acidentes de trânsito em 2024
Em 2024, o SUS destinou R$ 449 milhões para tratar vítimas de acidentes de trânsito no Brasil, um aumento de 49% desde 1998.
Os acidentes de trânsito no Brasil continuam a sobrecarregar o Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2024, os gastos totais com internações e tratamentos de vítimas atingiram R$ 449 milhões.
Este valor representa um crescimento significativo em comparação aos R$ 301,7 milhões desembolsados em 1998, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Os números alarmantes destacam a importância de políticas preventivas.
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) alerta que os acidentes de trânsito no Brasil consomem entre 1% e 3% do PIB. Tais custos, se investidos na prevenção, poderiam promover melhorias significativas na saúde pública, evitando internações desnecessárias.
O impacto financeiro se agrava com a extinção do seguro DPVAT em 2021, que retirou do SUS uma média anual de R$ 580 milhões. Este seguro era essencial para apoiar os gastos médicos com acidentados, cobrindo cerca de 45% dos custos de atendimentos.
O governo tentou instituir o SPVAT como substituto, mas a proposta foi revogada antes de sua implementação devido a pressões políticas.
Impacto econômico e alternativas de investimento
O valor gasto em 2024 poderia adquirir 1.320 ambulâncias do SAMU, ampliando a cobertura de urgência para 22 milhões de brasileiros. Atualmente, com o Novo PAC Saúde, estão previstas apenas 350 novas ambulâncias para atender 5,8 milhões de pessoas.
A OPAS destaca que frear o crescimento dos sinistros depende de medidas rigorosas. A fiscalização efetiva e o uso correto de equipamentos de segurança são cruciais.
Por exemplo, capacetes podem reduzir em 72% o risco de traumatismos, mas seu uso ainda é negligenciado.
Desafios e soluções
Ricardo Pérez-Núñez, da OPAS, enfatiza que os custos são tanto tangíveis quanto intangíveis. A falta de prevenção resultou em gastos contínuos, e investimentos em infraestrutura segura e políticas de mobilidade mais saudáveis são necessários para reverter essa tendência.
Nos últimos anos, o Brasil apostou no transporte individual motorizado. Contudo, sem planejamento adequado, as consequências foram severas.
Especialistas destacam a necessidade de uma mudança de paradigma, investindo em transporte coletivo e infraestrutura cicloviária.
A prevenção é a chave para aliviar a carga financeira sobre o SUS. Com políticas públicas assertivas e investimentos corretos, é possível reduzir o número de acidentes e garantir um futuro mais seguro nas estradas brasileiras.