Carros elétricos fazem consumo de energia subir 2.000% no Brasil
Mobilidade elétrica no Brasil cresce 2.000% em 4 anos, mas ainda representa só 0,05% da matriz energética.
Um salto histórico na medição do consumo de energia revela o ritmo da mobilidade elétrica no Brasil. Pela primeira vez, o Balanço Energético Nacional incluiu o gasto de eletricidade do transporte rodoviário, resultado de estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) em parceria com o Ministério de Minas e Energia.
O levantamento, divulgado na segunda semana de outubro, traça o cenário de crescimento e os desafios que vêm pela frente.
Os dados impressionam pelo ritmo: entre 2020 e 2024, o consumo elétrico do setor rodoviário passou de 14 GWh para 309 GWh, uma expansão próxima de 2.000%. O salto evidencia a adoção crescente de veículos elétricos, híbridos e outros sistemas movidos a eletricidade.
Mesmo assim, a participação relativa ainda é mínima: o consumo de 309 GWh equivale a apenas 0,05% dos 687.692 GWh gerados no país em 2024. Ou seja, embora a curva de crescimento seja acelerada, o impacto total sobre a matriz energética nacional ainda é limitado e indica espaço para expansão.
Frota eletrificada em números
O recorte considerou a base veicular do período. Em 2020, havia apenas 1,9 mil veículos elétricos a bateria no país, enquanto em 2024 esse total alcançou 215 mil unidades, usadas como referência pelo estudo.
Hoje, a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) aponta 318.588 veículos eletrificados em circulação, somando PHEVs e BEVs.
O estudo E-Mobility Scenarios 2030, da Bright Consulting, projeta 1,4 milhão de BEVs no Brasil até 2030. Atualmente, circulam aproximadamente 140 mil BEVs, portanto será necessário multiplicar por dez o estoque. Assim, a expansão exigirá planejamento de rede e de recarga pública.
- 2020: consumo de 14 GWh e 1,9 mil BEVs.
- 2024: consumo de 309 GWh e 215 mil BEVs.
- 2030: projeção de 1,4 milhão de BEVs.
Infraestrutura e uso da rede
A infraestrutura de recarga evoluiu nos últimos quatro ou cinco anos, porém ainda está longe do ideal. Hoje, o Brasil opera com cerca de 21 carros elétricos por carregador, o que pressiona os pontos urbanos.
Mercado e projeções
O ritmo comercial confirma a tendência. Em agosto, foram 20.222 emplacamentos de veículos eletrificados, sendo 77,5% a soma de PHEVs e BEVs, com forte tração. Além disso, carros elétricos puros já superam as vendas de híbridos no país, enquanto o BYD Dolphin Mini lidera entre os BEVs.
No curto prazo, o consumo automotivo não ameaça a segurança energética, mas acende sinais para o futuro. À medida que a frota cresce, políticas de tarifação inteligente e incentivos ao carregamento fora do pico ajudam a suavizar a curva. Do mesmo modo, a padronização técnica reduz gargalos.
Decisões antecipadas podem evitar pressões desnecessárias na rede e na infraestrutura pública. Monitorar o BEN ao lado de outras fontes de dados permitirá calibrar investimentos, observando a meta de 2030.