Você acha que o radar só mede velocidade? Este aqui vai te surpreender
Município implementa radar antibarulho com multas que podem ultrapassar R$ 500,00 enfrentando desafios legais.
Uma nova era na fiscalização de trânsito está começando em São José dos Campos (SP). A cidade se tornou pioneira na instalação de um radar antibarulho, um equipamento capaz de identificar não apenas a velocidade, mas também o nível de ruído emitido pelos veículos.
A novidade promete transformar o controle da poluição sonora urbana, mas também levanta uma série de dúvidas sobre sua legalidade e funcionamento.
Inovação tecnológica no trânsito brasileiro
O novo radar antibarulho está em fase de testes no Anel Viário, próximo ao shopping Aquarius Open Mall, e vem sendo visto como uma resposta direta às reclamações de moradores sobre o barulho excessivo, especialmente de motocicletas com escapamentos esportivos.
Diferentemente dos radares tradicionais, que apenas medem a velocidade, este sistema inovador utiliza uma câmera acústica equipada com 21 microfones estrategicamente distribuídos ao longo da pista.
Esses sensores trabalham em conjunto com câmeras de alta precisão, capazes de identificar a placa do veículo no exato momento em que o som ultrapassa o limite permitido.
Como funciona o radar antibarulho?
O funcionamento do equipamento é totalmente automatizado e segue etapas simples.
- Detecção sonora: os microfones captam sons emitidos pelos veículos em trânsito.
- Análise do ruído: caso o som ultrapasse os 80 decibéis, limite máximo permitido, o sistema registra o evento.
- Identificação do infrator: as câmeras capturam a imagem e a placa do veículo responsável pelo excesso.
A previsão é que as multas comecem a ser aplicadas em novembro, assim que o sistema for certificado pelo Inmetro. O valor inicial da penalidade é de R$ 500, podendo ser ampliado conforme a gravidade da infração.

Foto: Divulgação/Detran-SP
Desafios legais e questionamentos sobre a aplicação das multas
Apesar do avanço tecnológico e do apoio da população, o radar antibarulho ainda enfrenta entraves jurídicos, pois, segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), apenas a União tem competência para legislar sobre penalidades de trânsito.
Como o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) ainda não regulamentou oficialmente este tipo de equipamento, há incertezas sobre a validade das multas que venham a ser aplicadas. Especialistas alertam que, sem respaldo legal federal, as autuações podem ser contestadas judicialmente.
Expansão e futuro da fiscalização sonora
Além de São José dos Campos, outras cidades já demonstraram interesse na tecnologia — entre elas, Curitiba (PR), que iniciou testes semelhantes. O objetivo é comum: reduzir a poluição sonora, melhorar a qualidade de vida e trazer mais ordem ao trânsito urbano.
Entretanto, o futuro da medida depende de uma regulamentação nacional que garanta segurança jurídica tanto para os municípios quanto para os motoristas.
Até lá, o radar antibarulho segue como uma iniciativa promissora e controversa no caminho para um trânsito mais silencioso e sustentável no Brasil.