Guerra de apps: afinal, quem ganha mais, Uber ou iFood?
Batalha dos aplicativos cresce cada vez mais e os números vão te surpreender.
A Gig Economy no Brasil vive um dos momentos mais decisivos de sua história. Impulsionado por plataformas como Uber, 99, iFood, Lalamove e Rappi, o trabalho por aplicativo deixou de ser alternativa temporária e consolidou-se como um dos pilares da renda de milhões de brasileiros.
Entretanto, por trás da aparente liberdade e flexibilidade, existe um cenário marcado por contrastes: ganhos que parecem atrativos, jornadas longas e custos operacionais que muitas vezes surpreendem.
A expansão da Gig Economy no Brasil
Pesquisas recentes do Banco Central e levantamentos do IBGE mostram que o número de trabalhadores conectados à economia digital segue em forte crescimento.
O avanço da tecnologia e a alta demanda por serviços rápidos tornaram as plataformas um componente essencial para manter a taxa de ocupação do país.
Mas esse crescimento traz um paradoxo: embora os profissionais de aplicativo frequentemente superem a renda média de suas categorias, a remuneração por hora, a estabilidade e a qualidade de vida ainda ficam aquém do ideal.
Transporte de passageiros vs. entrega: dois mercados, desafios distintos

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Apesar de compartilharem a lógica da intermediação tecnológica, os dois segmentos apresentam diferenças estruturais em custos, riscos e retorno financeiro.
Veículos e custos operacionais
- Transporte de Passageiros (Uber/99): utiliza carros, que exigem mais manutenção, seguro, combustível e sofrem maior depreciação.
- Serviços de Entrega (iFood/Lalamove): contam principalmente com motocicletas, bem mais baratas de manter e mais ágeis no trânsito urbano.
Evolução do mercado (2022–2024)
- Transporte de passageiros: crescimento de 35%, impulsionado pelo aumento da demanda pós-pandemia.
- Entregas em domicílio: expansão de 18%, ainda robusta, porém menos acelerada que no transporte.
Segurança e conforto
- Motoristas têm maior conforto e menor exposição física, mas enfrentam riscos com passageiros e violência urbana.
- Entregadores lidam com o trânsito intenso e condições climáticas adversas, além de terem interação quase nula com o cliente.
Ganhos por hora
Em média:
- Motoristas de passageiros apresentam ganho por hora maior, porém com custos altos.
- Entregadores ganham menos por hora, mas gastam significativamente menos para operar.
Flexibilidade e jornada
- Motoristas: jornadas de 22 a 31 horas semanais, com flexibilidade maior para iniciar o trabalho a qualquer hora.
- Entregadores: jornadas de 13 a 17 horas, concentradas nos horários de pico (almoço e jantar).
O paradoxo da renda: mais ganho mensal, menos qualidade de vida

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Mesmo com renda considerada atrativa, entre R$ 2.925 e R$ 4.756 para motoristas e R$ 1.980 e R$ 3.039 para entregadores em jornadas de 40 horas, a dinâmica do trabalho revela desafios significativos. A remuneração líquida cresce, mas o desgaste físico, os riscos e a informalidade continuam altos.
Motoristas valorizam o maior retorno por hora e o conforto do carro, mas arcam com despesas elevadas. Já os entregadores preferem a autonomia, os custos baixos e a jornada mais curta, ainda que enfrentem maior risco no trânsito.
De acordo com estudo Amobitec/Cebrap, 80% dos trabalhadores afirmam que não pretendem abandonar as plataformas, reforçando o apelo da autonomia em relação ao emprego tradicional.
O futuro do setor: regulamentar sem sufocar
O grande debate de 2025 gira em torno da regulamentação dos aplicativos. O Congresso discute propostas que buscam equilibrar a liberdade e o potencial de geração de renda desses serviços com o acesso a direitos básicos, como proteção social, segurança e remuneração justa.
Em um país onde a flexibilidade se tornou tão valiosa quanto o salário, compreender as diferenças entre Uber, 99, iFood e Lalamove é essencial para quem deseja entrar, ou continuar, no universo da Gig Economy.
E no fim, o duelo entre transporte e entrega revela algo claro: mais do que escolher um app, o trabalhador precisa escolher o modelo que melhor equilibra renda, custos e qualidade de vida.