Honda vai na contramão, critica correia banhada a óleo e recusa motores 1.0 turbo; entenda
Honda mantém foco em durabilidade, rejeitando motores 1.0 turbo. Entenda a decisão e a polêmica em torno da tecnologia de correia banhada a óleo.
A discussão sobre durabilidade de motores, confiabilidade mecânica e o uso da correia dentada banhada a óleo ganhou um novo capítulo com a chegada do novo Honda WR-V 2025.
Em um mercado dominado por motores 1.0 turbo e pela adoção crescente dessa tecnologia de correia lubrificada, a Honda tomou uma posição clara: seguir na contramão da indústria para priorizar vida útil, segurança e redução de custos no longo prazo.
A montadora japonesa aproveitou o lançamento do SUV para esclarecer por que mantém o motor 1.5 aspirado e por que rejeita tanto a correia banhada a óleo quanto o downsizing extremo adotado por seus concorrentes.
Por que a Honda rejeita a correia dentada banhada a óleo?

Correia dentada banhada a óleo (Foto: iStock)
Embora a tecnologia esteja presente em diversos modelos de Chevrolet, Peugeot, Citroën e outros fabricantes, a Honda afirma que as vantagens não compensam os riscos.
A promessa da correia banhada em óleo é simples: menos atrito, menor ruído e maior eficiência. Mas, segundo a marca, o resultado real pode ser bem diferente.
Durante entrevista ao portal Autoblog Argentina, o engenheiro Renan Barba dos Santos, da divisão latino-americana da Honda, explicou que esse sistema começa a apresentar falhas significativas muito antes do esperado, geralmente entre 50 mil e 60 mil km, quilometragem comum para veículos usados no Brasil.
O problema técnico por trás da tecnologia
De acordo com o especialista, o óleo do motor sofre contaminação natural por combustível e partículas metálicas. Com o tempo, esse processo degrada o material da correia dentada, que passa a se desfazer.
O que acontece na prática?
- Fragmentos de borracha se soltam da correia.
- Esses resíduos caem no cárter do motor.
- O material acumulado entope o pescador da bomba de óleo.
- Há bloqueio das galerias de lubrificação.
- Em casos extremos, o motor pode fundir por falta de óleo.
Para a Honda, é um risco operacional que compromete diretamente a vida útil do motor e o custo de manutenção — um ponto crítico para consumidores de SUVs compactos e modelos de entrada.
A solução da Honda: corrente metálica de comando
Na contramão dos concorrentes, a marca segue utilizando a corrente de comando metálica, vista internamente como a melhor alternativa para veículos de uso intenso.
Entre as vantagens citadas pelo engenheiro estão:
- Vida útil indeterminada (não há troca programada).
- Funcionamento independente de lubrificação externa.
- Menor risco de falhas.
- Manutenção simples, limitada à troca regular de óleo.
Dessa forma, a Honda sustenta que sua abordagem entrega o que mais importa para o consumidor comum: confiabilidade, previsibilidade de custos e menor chance de “dor de cabeça”.
Por que a Honda não adota motores 1.0 turbo?
Outro ponto que gerou forte repercussão é a decisão da marca de não utilizar motores 1.0 ou 1.2 turbo nos modelos mais baratos, como fazem rivais diretos.
Enquanto o WR-V chega com motor 1.5 aspirado de 126 cv, concorrentes apostam em propulsores menores turbinados para oferecer uma sensação de desempenho maior.
Mas, segundo o engenheiro da Honda, essa estratégia sacrifica justamente aquilo que a marca mais preza: longevidade e robustez mecânica.
“Esses motores priorizam a emoção da turbina, mas não foram pensados para durar”, afirmou.
A Honda reserva seus motores turbo apenas para projetos mais sofisticados, caso do HR-V Touring, equipado com o 1.5 turbo de 177 cv, desenvolvido para atuar em segmentos superiores.
Estratégia global e foco em eficiência por 10 anos
Além da questão mecânica, há também uma estratégia regulatória. O motor 1.5 aspirado utilizado no WR-V já cumpre as exigências ambientais atuais e futuras, garantindo conformidade para cerca de 10 anos.
Isso significa:
- Menos necessidade de atualizações caras.
- Redução no custo de produção e manutenção.
- Maior disponibilidade de peças a nível mundial.
- Padronização com outros mercados onde a Honda atua.
Assim, a marca defende que seu caminho não é conservador, mas estrategicamente sustentável.
Mais confiança, menos modismo
Na visão da Honda, entregar um carro que “arranca forte” no semáforo pode até animar no curto prazo, mas não compensa um motor que corre o risco de quebrar precocemente.
A aposta em motores aspirados, corrente metálica de comando e construção simplificada reforça a filosofia da marca: criar carros que duram mais, quebram menos e mantêm baixos custos ao longo da vida útil — mesmo que isso contrarie as tendências do mercado.
*Com informações Autoblog Argentina