BYD quer atender demanda por ônibus elétricos com nova com megafábrica no Brasil
BYD prepara megafábrica para produzir até 7 mil chassis de ônibus elétricos por ano.
Muito além dos carros, a eletrificação pesada ganhou endereço no radar industrial brasileiro. A BYD acelera planos para instalar uma megafábrica de ônibus elétricos no país, respondendo a um mercado que cresceu mais rápido do que a capacidade de entrega.
Em apenas uma década, a procura saltou de cerca de 600 unidades acumuladas para 7 mil veículos por ano, criando um gargalo que se tornou oportunidade.
O projeto, revelado pela Exame, aponta para o interior de São Paulo e prevê uma área robusta de 180 mil metros quadrados. A ambição não se limita aos ônibus: a planta também deve nacionalizar a produção de caminhões elétricos, hoje trazidos do exterior.
Com isso, a empresa passa a atender o mercado interno e ainda mira exportações, reposicionando o Brasil na rota da mobilidade limpa.
O impacto vai além das linhas de montagem. A expectativa é multiplicar o número de funcionários, passando de um quadro atual entre 80 e 100 pessoas para algo próximo de 700 a 800 trabalhadores. Na prática, a megafábrica sinaliza uma virada industrial, em que eletrificação, empregos e escala passam a caminhar juntos.
Produção atual e nova fábrica
A montadora fabrica chassis de ônibus elétricos desde 2015 em Campinas (SP). A planta tem capacidade teórica de 2 mil chassis por ano, mas o mix, com modelos como articulados, alonga os ciclos e reduz a produção efetiva. Além disso, os galpões atuais são alugados.
Mesmo com os desafios, Marcello Schneider, diretor de veículos comerciais da BYD Brasil, projeta cerca de 1,2 mil chassis para o ano que vem. Esse número dobra tudo o que a companhia produziu no país nos primeiros dez anos e praticamente cobre as expectativas para 2026.
No curto prazo, a BYD instalará uma unidade temporária próxima a Campinas (SP) para dobrar a capacidade atual em quatro a seis meses. Dessa forma, a empresa preserva os prazos e amplia a oferta.
Em seguida, a nova planta no interior paulista entrará em operação entre dois e três anos.
Quando atingir o ritmo pleno, a fábrica projetada poderá produzir entre 6 e 7 mil chassis anualmente. Além disso, o complexo de 180 mil m² reunirá as operações regionais e abrirá espaço para caminhões elétricos, hoje importados. Atualmente, a unidade de Campinas ocupa cerca de 7 mil m².
Geração de empregos e mercados
A expansão criará centenas de vagas diretas e fortalecerá fornecedores locais, além de ampliar a exportação.
A BYD prevê ampliar o quadro de 80 a 100 colaboradores para aproximadamente 700 a 800. Com isso, a cadeia de componentes para ônibus e, posteriormente, para caminhões elétricos tende a ganhar tração no país.
Segundo Schneider, o Brasil funcionará como polo para a América do Sul, com foco nos países do Mercosul. No longo prazo, a estratégia inclui a África do Sul, após consolidar a produção e a logística regionais. Assim, a empresa equilibra vendas locais e envios a novos destinos.
Eletrificação no pós-pandemia
A aceleração da procura decorre da renovação de frotas pós-pandemia de Covid-19. Na capital de São Paulo, muitas empresas estão em fase de substituição de veículos que rodaram além do prazo durante as restrições sanitárias.
Regulações e subsídios estimulam a eletrificação em cidades como Curitiba (PR), Goiânia (GO), Belo Horizonte (MG) e Rio de Janeiro (RJ).
Embora o Brasil caminhe mais devagar que o Chile e a Colômbia na eletrificação de automóveis, o mercado local sustenta a expansão de longo prazo à medida que a produção ganha escala. Assim, o avanço industrial da BYD tende a acelerar a adoção de ônibus de emissão zero.
No curto prazo, a unidade temporária perto de Campinas deve aliviar gargalos e sustentar a meta de produção no ano que vem. A BYD prioriza honrar pedidos já firmados, que praticamente ocupam a agenda até 2026, enquanto amplia gradualmente a capacidade.