A seca do Amazonas vai elevar o preço das motos no Brasil?

Saiba como o fenômeno da natureza pode atrapalhar os planos de quem deseja comprar uma moto nova.

O que a seca do Amazonas tem a ver com o preço das motos no Brasil? Olhando rapidamente, a tendência é responder que não ligação alguma entre os dois fatos. Porém, não é bem assim. Apesar de o mercado brasileiro de motocicletas viver, neste ano, o melhor momento da última década, a boa fase vem sendo abalada pela seca na região.

Para se ter ideia, quatro fábricas, sendo elas a Yamaha, Triumph, Kawasaki e JTZ, deram férias coletivas a seus colaboradores. As que optaram por não parar, estão gastando mais para produzir os seus modelos. Em outubro, por exemplo, houve a produção de 131.331 motocicletas, representando uma retração de 4,4% no comparativo com o mesmo período do ano anterior e 6,4% em relação ao mês de setembro.

Gargalos

Hoje, o gargalo responsável pela diminuição na produção é a baixa vazão dos rios. Isso porque, o cenário influencia diretamente na entrega dos insumos necessários para a produção: eles não estão chegando nas fábricas. E é por este motivo que algumas empresas optaram por antecipar as férias coletivas.

Devido ao fato de muitos navios com insumos das fábricas terem ficado encalhados na região, todo o sistema de logística precisou ser reorganizado. Desta forma, parte do escoamento de produção que ocorria por vias fluviais passou a ser feita por aviões ou caminhões, encarecendo o processo.

É importante lembrar que a última vez que ocorreu escassez de peças para construção de automotores foi durante a pandemia de Covid-19. Naquele momento, os preços dos carros subiram 27% acima da inflação.

Apesar do cenário parecido, espera-se que a situação com as motos seja um pouco mais branda. A expectativa é que o nível dos rios volte a subir em breve, normalizando a logística regional. Desta forma, o reajuste no valor final dos produtos deve ser menor.

Outro fator que ajuda o valor das motos não disparar é o fato de que a seca ainda não afetou os estoques das concessionárias. De toda forma, é preciso ficar atento, uma vez que dezembro é o mês que tradicionalmente mais se vende motos no país.

Estágio de atenção

A Abraciclo, representante brasileira das fabricantes de motocicletas e bicicletas no Polo Industrial de Manaus, explica que embora a projeção de produção de 1.560.000 unidades permaneça mantida para 2023, o cenário atual é de atenção. Por isso, todas as associadas realizam monitoramento diário da situação, além da busca constante de alternativas de logística dentro do próprio transporte fluvial ou mesmo outros modais.

Por fim, vale lembrar que o Polo Industrial de Manaus já produziu neste ano 1.323.004 unidades. O volume é 10,4% superior ao mesmo período de 2022.

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