Por que a gasolina precisa ter um determinado teor de etanol?

Quando se fala em gasolina, muitos brasileiros costumam ficar intrigados com uma questão: o teor de etanol presente no combustível. Hoje, este percentual chega a 27% nos combustíveis comum e aditivado, porém pode ser que a composição chegue aos 30% a partir do final deste ano. A exceção são os produtos com alta octanagem, como, por exemplo, a gasolina premium. Neles, o índice é levemente menor, ficando na faixa dos 25%.

Ainda assim, alguns motoristas percebem com desconfiança essa mistura, alegando que a gasolina deveria ser “pura”.

Porcentagem de etanol

Apesar de todo o burburinho acerca da mistura, o fato é que a gasolina precisa ter uma parcela de etanol. Isso porque, ele tem um efeito antidetonante, ou seja, faz com que a gasolina entre em combustão no momento certo, quando há centelha e compressão máxima.

Isso garante uma queima correta e eficiente. Vale lembrar, portanto, que quando o combustível entra em ignição antes da hora, há o que se costuma chamar de pré-detonação, ou a popularmente conhecida “batida de pino”. Se a gasolina fosse “pura”, esse fenômeno ganharia proporções capazes de gerar sérios problemas às peças internas.

A capacidade de resistência à autoignição que a gasolina precisa ter quando comprida dentro do motor é o que chamamos de octagem. Quanto mais alta for a octanagem, melhor é qualidade do combustível e, por isso, a presença do etanol se faz fundamental.

Outras misturas

Antes da utilização do etanol na composição da gasolina para veículos, o combustível já ganhava a mistura de outros agentes antidetonantes. Como era o caso do chumbo tetraetila, por exemplo, que é tóxico. A aplicação desse aditivo passou a ser proibida em 1992, mas a própria Petrobras já havia descontinuado o uso anos antes.

Outros países

O fato de não existir gasolina “pura” não é uma exclusividade do Brasil. O etanol, inclusive, tem sido usado globalmente como o substituto do chumbo tetraetila. Nos Estados Unidos, por exemplo, a presença do etanol chega a 15%, enquanto na Argentina é 12% e 25% no Paraguai.

Mais etanol

A verdade é que 10% do etanol na gasolina já seria a quantidade suficiente para garantir a octanagem adequada. Contudo, o Governo Federal também considera outros fatores, como a oferta e o preço dos dois combustíveis, além de questões ambientais para definir o percentual de etanol a ser utilizado.

Esse teor de etanol um pouco mais alto na gasolina é benéfico ao meio ambiente, uma vez que a descarbonização é um caminho sem volta e o uso de combustível renovável se coloca como uma alternativa. Igualmente, o fato de o Brasil ter muita oferta de etanol também é fator determinante nesta equação.

Consumidor

Na prática, o uso de porcentagens maiores de etanol na composição da gasolina faz com que o consumo de veículo também seja mais alto, aumentando os custos para o consumidor final. Nesse sentido, a própria Petrobras explica que o fenômeno ocorre porque o poder calorífero do biocombustível é menor quando comparado ao da gasolina.