Olha a pegadinha! Sim, cerveja sem álcool pode fazer você ‘cair’ no teste do bafômetro

Com a popularização da cerveja sem álcool, se tornou muito comum encontrar motoristas que optem por beber a versão para não correrem o risco de serem autuados no teste do bafômetro. No entanto, é preciso lembrar que, algumas dessas bebidas, mesmo sem álcool, podem ser registradas pelo etilômetro.

Essa realidade é possível porque algumas cervejas zero podem ainda conter alguma quantidade de álcool proveniente do próprio processo de fermentação que passam no momento da produção. Portanto, a melhor maneira de não correr riscos ao dirigir é maneirar na ingestão de algumas dessas bebidas, além de verificar o rótulo.

Cerveja sem álcool – ou quase isso

É fato que as cervejas vendidas como “zero” podem conter um pouco do álcool em sua composição. E isso está respaldado pela legislação, segundo o Relatório de Análise da Cerveja Sem Álcool, feito pelo Inmetro em 2015.

Assim, uma cerveja é considerada sem álcool desde que apresente conteúdo alcoólico de até 0,5% em volume (0,5% vol). O problema é que nem sempre essa informação é clara ao consumidor. Prova disso é que a Ambev, em 2015, recebeu multa de R$ 1 milhão por informar que a cerveja Kronenbier era “sem álcool” no rótulo. Na verdade, a bebida trazia em sua composição 0,3 grama de álcool para cada 100g de bebida.

Rótulos

Para que uma cerveja seja realmente livre de álcool, é preciso que ela tenha a informação de gradação alcoólica 0,0% em seu rótulo. Hoje, no mercado nacional, há marcas como, por exemplo, Brahma 0,0, Heineken 0,0, Budweiser 0,0, Itaipava 0,0 e Bavária 0,0.

Portanto, as marcas que informarem apenas “cerveja sem álcool”, sem a gradação alcoólica, podem trazer algum teor alcoólico. É o caso da Erdinger sem álcool. A cerveja alemã, apesar de trazer no rótulo a informação “alkohol free” (livre de álcool), contém 0,4% de teor alcoólico na composição.

Vale lembrar que o volume alcoólico das cervejas convencionais variam entre 4,5% e 5%.

Bafômetro

O relatório do Inmetro trouxe uma análise, a partir da observação de um grupo de pessoas, para entender se as cervejas ditas sem álcool poderiam ou não serem identificadas no uso do bafômetro. Na análise, observou-se 10 marcas de cerveja com teor alcoólico de até 0,4%.

Para o estudo de caso, cada voluntário consumiu 700 ml de cerveja e, após 15 minutos, fizeram o teste do bafômetro. Houve, inclusive, a repetição do teste ao completar 30 minutos da ingestão da bebida. O resultado apontou que não houve acusação do consumo de álcool no aparelho medidor.

Contudo, não se pode afirmar que as cervejas com baixo teor alcoólico não são detectadas no bafômetro. Isso porque, o estudo se baseou na ingestão de apenas 700 ml de cerveja, em um teste 15 minutos após os voluntários ingerirem a bebida. Em outras palavras, se alguém tomar um litro ou mais e parar em uma blitz 10 minutos depois, pode ocorrer de o bafômetro acusar a ingestão de álcool.

Penalidades

Caso um cidadão caia na blitz da Lei Seca e o bafômetro acusar a presença de álcool em seu organismo, ele responde às penalidades previstas na legislação. Na prática, a Lei Seca estipula tolerância zero à quantidade de álcool no organismo do motorista.

O artigo 165 do Código de Trânsito prevê multa de R$ 2.934,70, além da suspensão do direito de dirigir por um ano.

Portanto, se for beber cerveja sem álcool e dirigir, analise o rótulo. Se nele tiver a informação de teor 0,0%, dá para confiar. Mas se tiver qualquer teor acima disso, há chances de cair na Lei Seca.