Afinal, comprar carro 0 km virou coisa de gente rica no Brasil?

Com preços inalcançáveis e políticas insuficientes, o desejo de possuir um carro zero-quilômetro se torna um privilégio.

Em um país onde uma parcela da população se identifica como pertencente às classes D/E, com rendimentos familiares mensais de até R$ 3,1 mil, o desejo de possuir um automóvel parece distante.

Esse sonho se vê ainda mais adiado diante do aumento nos preços dos veículos, tornando a realização de ter um carro zero-quilômetro um privilégio ao alcance de poucos.

Com preços que fogem da realidade, os modelos mais populares como o Renault Kwid, que chega a custar R$ 72.640, e o Fiat Mobi, vendido por R$ 71.990, permanecem distantes para a maioria da população.

Em um país onde o salário mínimo atualmente está no valor de R$1.412, adquirir um veículo novo requer um investimento que é bem maior do que esse valor.

Isso reflete no número de vendas de carros seminovos e usados. Em 2023, o número de unidades usadas comercializadas atingiu um recorde histórico, chegando a 14.448.434, enquanto os emplacamentos de carros zero quilômetro foram bem inferiores, totalizando 2.308.140.

Essa migração para o mercado de usados é uma resposta à dificuldade enfrentada pelas pessoas em comprar carros novos.

O preço elevado dos carros no Brasil é resultado da soma de diversos fatores que impossibilitam cada vez mais a realização do sonho de possuir um veículo.

A carga tributária é um deles, representando entre 30% e 48% do valor dos veículos nacionais, devido a impostos como IPI, ICMS e PIS/Cofins.

O chamado “Custo Brasil”, que engloba dificuldades estruturais, financeiras e burocráticas, também contribui para os altos preços, juntamente com a falta de competitividade no mercado automobilístico brasileiro. Mesmo com incentivos às montadoras, a redução de preços não é suficiente para tornar os veículos mais acessíveis.

A desvalorização da moeda nacional frente ao dólar e ao euro encarece os veículos, pois muitos componentes são importados.

Além disso, a ausência de políticas públicas que promovam a fabricação de veículos mais acessíveis também exerce uma influência nos altos preços dos automóveis no Brasil.

Por fim, torna-se evidente a necessidade de medidas que possam enfrentar os desafios estruturais, tributários e competitivos que impactam o setor automobilístico nacional.

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