A conta não fecha: falta de infraestrutura deixa donos de elétricos no Brasil em alerta

Brasil soma 523.875 eletrificados até agosto de 2025, mas enfrenta mais de 21 veículos por carregador.

O mercado brasileiro de eletrificados entrou em outra escala desde 2023, quando as vendas de híbridos leves (MHEV), híbridos plenos (HEV), híbridos plug-in (PHEV) e elétricos puros (BEV) aceleraram. Em 2025, o ritmo superou com folga o observado três anos antes.

A Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) contabiliza 523.875 veículos leves eletrificados em circulação até agosto deste ano. Os recarregáveis ganharam protagonismo e já somam 316.536 unidades entre PHEV e BEV.

Em agosto de 2025, o país registrou 20.222 emplacamentos, com 77,5% desse volume nesses dois perfis. Além disso, o BYD Dolphin Mini lidera as vendas atuais, enquanto o GWM Haval H6 ajudou a abrir caminho.

Pressão sobre a rede de recarga

Apesar da expansão, a infraestrutura fica atrás da demanda. Segundo a ABVE, o Brasil dispõe de 14.827 pontos de recarga AC e DC.

Nesse cenário, há mais de 21 veículos recarregáveis por carregador. Além disso, apenas 16% oferecem potência acima de 50 kW.

A localização dos eletropostos também pesa no balanço, já que metade da rede se encontra no Sudeste, enquanto o Sul, o Nordeste, o Centro-Oeste e o Norte dividem o restante. Assim, a desigualdade regional restringe viagens longas e rotas comerciais.

  • Norte: 2%
  • Centro-Oeste: 8%
  • Nordeste: 18%
  • Sul: 22%
  • Sudeste: 50%

Comparativos e evolução recente

O histórico recente ajuda a dimensionar a pressão. Em 2023, a Bright Consulting contabilizou 4.230 carregadores públicos e uma média próxima de 19 carros por ponto. A relação piorou, mas o país ergueu mais de 10 mil eletropostos nos últimos dois anos.

Ações do mercado e dos investidores

Empresas aceleram projetos para reduzir gargalos. A Porsche reservou R$ 70 milhões para instalar 66 carregadores ultrarrápidos de 150 kW, elevando sua rede a 104 unidades. Além disso, a BYD planeja 50 pontos em concessionárias, enquanto a Rede Graal e a Shell ampliam estruturas em rodovias e postos.

No campo tecnológico, a mobilidade também ensaia novos padrões de abastecimento. O novo Porsche Cayenne elétrico terá recarga sem fio, em esquema semelhante ao de um celular. Enquanto isso, a marca divulga novos carregadores e amplia a cobertura com foco em potência.

Agenda pública e regulação

O debate no Congresso ainda carrega incertezas. Em abril de 2025, o Projeto de Lei 497/25 propôs incentivos fiscais para a construção de carregadores de carros elétricos. Contudo, até agora, a proposta não avançou, o que mantém o financiamento concentrado no setor privado.

As perspectivas apontam para a expansão da rede na esteira das vendas crescentes de híbridos e elétricos. Entretanto, a relação de mais de 21 veículos por carregador exige investimentos coordenados e distribuição equilibrada.

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