Acabou a Uber Moto na chuva? Nova lei pode travar corridas e deixar usuários na mão
Município analisa mudanças que podem impactar drasticamente o serviço de motos de aplicativo, especialmente em dias chuvosos.
O serviço de transporte por aplicativo em motocicletas pode estar prestes a enfrentar a maior mudança desde sua criação.
A cidade de São Paulo aprovou um projeto de lei que endurece significativamente as regras para plataformas como Uber Moto e 99 Moto, levantando dúvidas sobre a continuidade do serviço, especialmente em dias de chuva.
A proposta, que já movimenta debates intensos, promete alterar a rotina de motociclistas e usuários e criar gargalos justamente nos momentos em que a demanda é mais alta.
Uber Moto pode ser proibida de operar em dias de chuva?
A questão que mais causa inquietação é clara: motociclistas de aplicativo poderão trabalhar durante chuvas intensas? O texto aprovado na Câmara Municipal aponta que não.
A norma estabelece a proibição da operação de motos de app em condições climáticas adversas, como tempestades, alagamentos, baixa visibilidade e dias com risco elevado de acidentes.
Na prática, isso significa que o sistema poderá ser automaticamente bloqueado nesses momentos, impedindo que os motociclistas atendam chamados e deixando milhares de usuários sem alternativa de deslocamento exatamente quando mais precisam fugir da chuva.
O projeto, aprovado em segunda votação, aguarda agora a decisão do prefeito Ricardo Nunes, que poderá sancioná-lo integralmente ou vetar trechos considerados excessivos.

Foto: Gemini
Entenda as novas exigências para motos de aplicativo
O pacote de mudanças aproxima o serviço de moto-app das regras aplicadas ao mototáxi tradicional, impondo uma série de exigências que geram preocupação no setor. Entre os principais pontos da proposta estão:
- Proibição de circulação em dias de chuva intensa ou baixa visibilidade;
- Obrigatoriedade de placa vermelha, a mesma usada por veículos de aluguel;
- Limitação da idade da frota, restringindo motocicletas mais antigas;
- Itens extras de segurança, como coletes refletivos, capacetes certificados e cursos obrigatórios, que deverão ser fornecidos ou financiados pelas empresas.
Essas mudanças ampliam os custos e aumentam o nível de burocracia para quem trabalha na área, criando uma espécie de “novo modelo regulatório” que, segundo especialistas, pode expulsar grande parte dos motociclistas da atividade.
Reação das empresas: ‘O serviço se torna inviável’
A resposta do setor foi imediata. A Amobitec, associação que reúne as maiores empresas de mobilidade do país, classificou o projeto como desproporcional.
Para a entidade, a imposição de exigências como placa vermelha, cursos obrigatórios e limitações de circulação transforma o serviço em algo economicamente inviável.
A entidade argumenta que a restrição climática, por si só, já seria suficiente para reduzir drasticamente a oferta. Quando combinada com custos adicionais e maior burocracia, o efeito poderia ser um “apagão” permanente na categoria.
Como fica o futuro dos motociclistas e dos usuários?

Foto: Shutterstock
Caso o prefeito sancione a lei integralmente, o impacto será direto tanto para trabalhadores quanto para passageiros. Motociclistas que já lidam com rendas instáveis terão de arcar com novos custos de regularização, o que pode levar muitos a abandonar a plataforma.
Para os usuários, o cenário é igualmente preocupante: preços mais altos, menor disponibilidade de motos e bloqueio total do serviço durante tempestades tornar-se-ão realidade.
Em uma cidade onde as chuvas são frequentes e o trânsito é um desafio diário, a mudança pode intensificar ainda mais a dependência de carros de aplicativo, metrô e ônibus.