Brasileiro aderiu ao transporte por app? IBGE mostra que uso aumentou, mas ainda é minoria

Transporte por aplicativo cresceu 65% no Brasil, mas só 26% das cidades oferecem o serviço.

O transporte por aplicativo no Brasil cresceu de forma expressiva nos últimos anos, mas ainda não alcança a maioria das cidades. Entre 2020 e 2024 o serviço avançou 65%, embora permaneça concentrado em poucos municípios.

Dos 5.568 municípios avaliados, apenas 1.465 (26%) oferecem opções como Uber, 99 ou Cabify. Ao mesmo tempo, 4.084 cidades, ou 73%, afirmaram não dispor do serviço, enquanto 21 municípios não informaram dados.

A Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC) 2024, divulgada nesta sexta-feira (31/10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), traz informações importantes sobre o tema.

Segundo Caroline Santos, pesquisadora do IBGE, a extensa malha rodoviária brasileira ainda determina a predominância do transporte convencional. Dessa forma, a infraestrutura influencia diretamente a disponibilidade e a escolha de modais pelos cidadãos em diferentes regiões.

Panorama nacional e por modalidade

Entre os municípios com serviço, o total alcança 1.465, ou 26% da amostra de 5.568. Já 4.084 declararam não ter aplicativos e 21 não informaram. No recorte estadual, Rio de Janeiro lidera com 62%, seguido por São Paulo e Santa Catarina, ambos com 48%. Piauí e Paraíba exibem as menores proporções.

Em relação aos meios de transporte mais usados nas cidades do Brasil, veja sua presença em números:

  • Metrô: menos de 1%, 21 municípios
  • Trem: 2%, 106 municípios
  • Avião: 3%, 192 municípios
  • Barco: 9%, 506 municípios
  • Serviço por aplicativo (Uber, 99, Cabify e outros): 26%, 1.465 municípios
  • Ônibus intramunicipal: 31%, 1.735 municípios
  • Mototáxi: 53%, 2.925 municípios
  • Van: 60%, 3.338 municípios
  • Ônibus intermunicipal: 78%, 4.343 municípios
  • Táxi: 80%, 4.427 municípios

Porte e distribuição

Os resultados variam conforme o porte. A maioria das cidades (81%) tem até 20 mil habitantes, e entre cerca de 4,1 mil sem aplicativos, aproximadamente 3,3 mil estão nessa faixa.

Municípios menores dependem mais de ônibus intermunicipais, o que reduz linhas intramunicipais, que circulam na mesma cidade. Assim, o avanço dos apps foi mais intenso entre 50 e 100 mil habitantes, onde há esgotamento da malha e falta de planejamento.

Para Caroline Santos, do IBGE, a malha rodoviária é “gigante”, o que condiciona a predominância do modal rodoviário e a adoção de serviços sob demanda.

Implicações e próximos passos

O crescimento de 65% confirma a ampliação do transporte por aplicativo no país. No entanto, a presença em apenas um quarto das cidades revela concentração geográfica.

Assim, a expansão dependerá do porte municipal, da integração com o transporte público e de políticas locais.

Enquanto grandes centros ampliam alternativas, milhares de pequenos municípios mantêm modelos tradicionais. Portanto, a leitura orienta diagnósticos e pode apoiar decisões sobre mobilidade, investimentos e regulação, respeitando diferenças regionais e o perfil demográfico.

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