Briga no casamento com a Caoa? Chery planeja modelos com novas marcas

A parceria de anos entre Chery e Caoa não será ameaçada pela estreia da Omoda Jaecoo no Brasil, garantiu o CEO global da marca chinesa, Zhang Guibing. A declaração ocorreu durante uma conversa com jornalistas brasileiros na sede da companhia.

Segundo o chefão da empresa, as divergências com o grupo brasileiro ficaram no passado e as duas partes voltaram a fazer negócios em harmonia.

Algumas relações, após a morte de Carlos Alberto de Oliveira Andrade, especialmente em 2022, não andaram muito boas. Mas creio que, principalmente de um mês e meio para cá, Chery e Carlos Alberto Filho [presidente da marca e filho do falecido fundador], têm tido uma boa relação. Ambos encontraram uma boa maneira de fazer o mercado crescer passo a passo e temos bons planos para a Caoa Chery”, afirmou Zhang.

A questão é que essa relação não é exclusiva para o gerenciamento conjunto da fábrica instalada em Anápolis (GO), uma vez que a companhia brasileira também detém os direitos para a venda nacional de produtos da Exeed, marca de luxo do grupo chinês. A montadora asiática chegou a sinalizar uma operação solo no Brasil, plano que ainda não foi descartado.

Questionado sobre as chances da empresa operar aqui, Zhang respondeu de forma cautelosa, mas sem deixar de lado a possibilidade.”No passado, tivemos problemas com a Chery; quando chegamos, não estávamos preparados. Não queremos que algo assim ocorra novamente. Então, vamos passo a passo, fazer algo um pouco mais estabelecido e, na hora certa, acelerar. É como uma marca premium, o cliente não aceita se houver algum erro”, disse.

Omoda Jaecco

A missão da Chery agora é lançar a Omoda Jaecco, nova montadora que chega ao Brasil focada no público mais jovem e conectado. Serão nove modelos até 2026, sendo dois deles nos próximos meses.

Creio que Omoda Jaecoo passará a crescer mais rápido que a Chery, pois seus clientes são de uma geração mais jovem, enquanto os da Chery são mais tradicionais, de famílias. Entendemos que são clientes diferentes e, por isso, temos operações separadas. O Brasil é um mercado gigante e não há conflito entre as marcas, explicou.

Durante a conversa com jornalistas, Zhang garantiu ser possível a convivência harmoniosa de duas operações de um mesmo grupo, citando como exemplo as sul-coreanas Kia e Hyundai.”A sociedade teve grandes mudanças. Quando você olhava para Toyota ou Volkswagen no passado, o carro mais vendido tinha 2 milhões de unidades comercializadas. Hoje, não chega a 1 milhão; cada grupo tem um hábito ou comportamento diferente. Decidimos ir atrás desses grupos, e não somente nós. A GWM tem sete marcas diferentes, a BYD também tem sete”, pontuou.

A Omoda Jaecoo confirmou apenas o lançamento de SUVs, mas uma picape ou um esportivo podem estar nos planos das montadoras.

Estamos preparando um esportivo para a Omoda; também pensamos em uma picape para a Jaecoo. Teremos, além disso, um carro menor e mais barato que o Omoda 5 e o Jaecoo 5. Alguns serão carros de volume, outros de nicho. Nosso cliente é jovem, então muitas vezes não terá o bolso aberto. Precisamos dar a ele boas opções”, completou o executivo.