BYD pode ser processada por vender carros mais ‘baratos’ no Brasil
Anfavea planeja ação antidumping contra montadoras chinesas GWM e BYD por práticas de preços no Brasil.
O mercado automotivo brasileiro vive um momento de tensão. A Anfavea, representante de 25 marcas tradicionais, anunciou uma ação contra as montadoras chinesas GWM e BYD. O objetivo é investigar práticas de preços consideradas prejudiciais ao mercado nacional.
Essa decisão ocorre após a divulgação dos números de vendas de veículos importados e exportados em 2024. O aumento significativo nas importações de carros chineses, que superou pela primeira vez as exportações desde 2015, despertou preocupações entre as montadoras brasileiras.
Com um crescimento de 317% nas importações da China, registrando 175.000 unidades no ano, a presença chinesa no mercado brasileiro se tornou expressiva. As montadoras locais temem que essa prática impacte negativamente a competitividade das empresas que produzem no Brasil.
Motivos da ação
A principal alegação da Anfavea está relacionada à prática de dumping. Esse termo é utilizado quando produtos são vendidos por um valor inferior ao seu custo de produção, colocando em risco o equilíbrio competitivo do mercado local.
Em 2024, a GWM e a BYD foram responsáveis por 60% das vendas de carros eletrificados importados, com 76.800 e 29.200 unidades vendidas, respectivamente. Esse domínio no setor de eletrificados intensificou a necessidade de investigação.
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Processo no MDIC
A Anfavea está preparando documentos para apresentar o caso ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). A ação será baseada em critérios semelhantes aos aplicados pela União Europeia em 2023. Esta última também enfrentou desafios semelhantes com as fabricantes chinesas.
Espera-se que o processo seja oficializado nas próximas semanas. O resultado pode impactar diretamente na política de importação e na tarifa aplicada aos veículos elétricos, refletindo medidas adotadas pela Europa, onde a tarifa foi elevada em até 38,1% em 2024.
Essa movimentação gera expectativa quanto às repercussões no mercado nacional. Tanto as fabricantes locais quanto os consumidores aguardam desdobramentos. A decisão poderá afetar preços, oferta de veículos e a estratégia das marcas chinesas no Brasil.