‘Capetinha’: dispositivo de presídio agora é usado por ladrões para roubar veículos

Dispositivos de uso restrito à segurança prisional são encontrados facilmente online, usados para bloqueio de sinal de rastreadores em roubos de veículos.

A tecnologia, que deveria ser exclusiva para segurança prisional, está sendo usada em crimes sofisticados. O dispositivo conhecido como “capetinha” ou “jammer”, destinado a bloquear sinais de celulares em presídios, agora figura em listas de equipamentos usados em roubos de veículos.

Esses aparelhos são facilmente encontrados em sites de comércio eletrônico, com preços variados, a partir de R$ 100. Quando incorporados a práticas criminosas, os jammers bloqueiam sinais de radiofrequência de rastreadores de veículos.

Estes dispositivos são instalados de fábrica em alguns automóveis e frequentemente exigidos por seguradoras para apólices de caminhões e picapes a diesel. Com os sinais bloqueados, ladrões conseguem evitar a localização dos veículos, removendo cargas ou peças em desmanches.

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) destaca que, mesmo em presídios, o uso do jammer requer autorização do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Além disso, sua comercialização é proibida, exceto para entidades penitenciárias que cumpram os requisitos.

O uso ilegal configura atividade clandestina, sujeita a penas que variam de dois a quatro anos de detenção, além de multas.

Anúncio do ‘capetinha’ na internet (Foto: Reprodução)

“Capetinha” não é o único…

As normas para o uso do capetinha foram estabelecidas em 2002. Dois projetos de lei no Congresso propõem aumentar a pena para até oito anos para quem comercializar ou fabricar esses bloqueadores. No entanto, essas propostas aguardam aprovação.

Além do jammer, criminosos usam a “vassourinha”, um detector de radiofrequência, para localizar e desativar rastreadores.

Esse dispositivo, também disponível em marketplaces, é vendido como ferramenta contra escutas e espionagem. A Anatel informa que, ao contrário do jammer, a “vassourinha” não requer homologação e sua venda não é ilegal.

O uso indevido de tecnologias destinadas à segurança representa um desafio crescente para as forças de segurança e reguladores no Brasil.

O comércio de dispositivos como o jammer destaca a necessidade de legislação mais rigorosa e fiscalização efetiva. É crucial que o Congresso avance nas propostas legislativas para reforçar as punições e combater essa prática ilegal que compromete a segurança pública.

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