Carregar carros elétricos em locais fechados vira polêmica; há algum risco?

Especialistas alertam para os riscos de carregar carros elétricos em locais fechados, destacando a importância de medidas de segurança adequadas.

Diante do crescimento da frota de carros elétricos no Brasil, a demanda por pontos de recarga em edifícios e estacionamentos comerciais tem aumentado. Em resposta, construtoras estão destacando a infraestrutura elétrica como um diferencial em novos empreendimentos.

No entanto, a questão da segurança ainda gera preocupações e muito debate entre os moradores e os responsáveis pelos prédios. Engenheiros e arquitetos permanecem atentos aos riscos associados ao carregamento de veículos elétricos em áreas fechadas.

O Crea-SE (Conselho Regional de Engenharia, Agronomia e Agrimensura do estado de Sergipe) publicou uma nota técnica desaconselhando o uso de garagens subterrâneas e estacionamentos cobertos para este fim até que normas de segurança sejam implementadas.

Riscos e recomendações

De acordo com o Crea, incêndios causados por baterias de íons de lítio podem alcançar temperaturas de até 1.000 °C, comparáveis às que derrubaram o World Trade Center.

Já a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) destaca que, a 600 °C, a resistência do concreto já é comprometida em 55%, potencializando o risco de colapso estrutural.

Outro ponto de preocupação é a falta de ventilação adequada, dificultando a dispersão de vapores tóxicos em caso de incêndio. O uso de extintores de classe D, específicos para esse tipo de fogo, é crucial, enquanto a utilização de água pode agravar a situação.

Incidentes recentes

Casos recentes demonstram a gravidade dos incêndios em veículos elétricos. Em São Paulo, um ônibus elétrico que colidiu com um poste em dezembro de 2024 teve suas baterias envolvidas pelas chamas.

Contudo, o isolamento térmico impediu maiores danos, conforme relatado pela ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico).

Outro incidente em Itajaí (SC), em maio de 2024, inicialmente atribuiu-se a um carro flex a origem do fogo que atingiu uma scooter elétrica. A bateria da moto, porém, não foi danificada, indicando a resiliência dos componentes de veículos elétricos.

Avanços na regulamentação

Normas de segurança para carregamento de veículos elétricos são esperadas em breve. Em São Paulo, um prédio-laboratório foi estabelecido para estudar incêndios em diferentes tipos de automóveis.

A iniciativa busca desenvolver diretrizes nacionais com base em técnicas internacionais adaptadas à realidade brasileira.

A Ligabom e outros especialistas estão envolvidos no processo, que pode resultar na implementação de cortinas corta-fogo e sistemas de exaustão específicos para pontos de recarga. O objetivo é garantir que os erros identificados em testes não se repitam em situações reais.

*Com informações do UOL Carros.

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