Carros alagados no RS aparecem com o porta-malas aberto. Por quê?

Imagens das enchentes no estado gaúcho mostram diversos veículos boiando com a tampa do porta-malas aberta.

As enchentes recentes no Rio Grande do Sul deixaram milhares de pessoas sem moradia e levaram a perdas humanas e materiais. Entre os bens destruídos pelas águas estão os automóveis, frequentemente vistos em imagens quase completamente submersos ou boiando.

Nas cidades onde o nível dos rios baixou, é possível ver veículos de cabeça para baixo, pendurados e escorados em barreiras, como a parede das casas. Muitos aparecem submersos nas ruas e estacionamentos, outros foram arrastados pela correnteza para longe de onde estavam parados.

Mas, uma situação em comum na qual muitos desses carros se encontram chama a atenção. Por que diversos deles estão com a tampa do porta-malas aberta?

Porta-malas aberto na enchente

Automóveis com o porta-malas aberto são comumente vistos em catástrofes como enchentes e alagamentos ao redor do mundo.

Segundo especialistas, isso acontece porque os carros mais modernos possuem travas elétricas, que entram em curto-circuito após o contato com a água e podem acabar sendo acionadas involuntariamente. Esse mesmo sistema impede que o carro afunde.

Em caso de bateria descarregada ou curto-circuito, o porta-malas deve permanecer fechado. Porém, fios de eletricidade de postes, que acabaram sendo submersos, podem gerar uma descarga elétrica que pode ter afetado as travas elétricas por meio da água, abrindo o porta-malas e, eventualmente, outras portas dos veículos”, explica o engenheiro Erwin Franieck, diretor-presidente da SAE4Mobility.

Uma explicação ainda mais comum é a ação criminosa. Os bandidos aproveitam a vulnerabilidade da situação para furtar os bens deixados nos veículos alagados, incluindo estepe, macaco e outros itens que costumam ser acomodados no porta-malas.

Via de regra, a abertura do porta-malas de carros alagados acontece intencionalmente, o que mais se tem é ação de marginais, completa Franieck.

Recuperação e descarte

O gerenciamento dos veículos destruídos durante as enchentes será um dos grandes desafios nos próximos meses. O primeiro passo para solucionar o problema será a remoção dos automóveis das áreas inundadas, processo que envolve muita logística, maquinário pesado e órgãos governamentais e de emergência.

Em seguida, após a remoção, os bens serão levados para áreas onde serão drenados para evitar a poluição do solo. No mesmo local, serão avaliados e inspecionados para determinar se podem ou não ser recuperados. Os carros considerados irrecuperáveis terão peças úteis removidas, materiais recicláveis separados e componentes perigosos descartados de forma segura antes de serem enviados para reciclagem.

Ainda não há confirmação do número de automóveis afetados no Rio Grande do Sul, mas a consultoria Bright Consulting estima que foram mais de mil carros zero-quilômetro, além de mais de 200 mil veículos seminovos e usados.

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