Carros elétricos chineses derrubam preços e desesperam rivais

Montadoras da China se espalham pelo mundo com oferta de modelos bem equipados por preços acessíveis.

A influência das montadoras chinesas no mercado automotivo internacional é inegável na atualidade. Um dos principais reflexos da invasão dessas marcas pode ser visto nos preços dos modelos, que vira e mexe acabam fazendo os concorrentes revisarem os próprios valores.

Afinal, como esses fabricantes conseguem oferecer carros tão bem equipados e bem mais baratos que os rivais? A resposta é que os valores praticados fazem parte da estratégia dessas empresas, explica Milad Kalume Neto, gerente de desenvolvimento de negócios da Jato Dynamics do Brasil.

O plano é vender os veículos com preços mais baixos para conquistar uma participação maior e mais reconhecimento no mercado.

“O que houve na questão de preços? O Brasil é um mercado muito significativo, tem 2,3 milhões de unidades produzidas de automóveis e comerciais leves por ano. Que outro país tem isso e que tenha uma participação de veículos chineses e eletrificados tão baixa? Nenhum. Não existe lugar melhor para eles investirem. Eles estão dispostos a vender veículos aqui sem ganhar muita coisa. Isso vale como um investimento de marketing”, avalia Cassio Pagliarini, sócio da consultora Bright Consulting.

As vantagens das chinesas também passam pelo parque industrial do país, o grande mercado interno e os fornecedores locais de baterias e outros itens complexos. A BYD, por exemplo, é a terceira maior produtora de baterias do mundo.

“Não há como negar a vantagem de contarem com um mercado interno favorável à criação de níveis de escala imensos, mas isso não tira o mérito de todas as providências que tomaram para chegar onde estão. Alegar que este diferencial competitivo advém de subsídios é não querer enxergar a realidade”, avalia Ricardo Bacellar, Conselheiro Consultivo para a indústria da mobilidade.

Investimento inteligente em elétricos

Tomada por uma visão estratégica, a China começou a investir em elétricos e eletrificados após uma análise minuciosa do mercado global. Segundo Pagliarini “eles estariam brigando com países como Brasil e Estados Unidos” se apostassem em carros convencionais, ou com a Alemanha caso focassem nos mais sofisticados. No entanto, as marcas chinesas preferiram se “sobressair”.

“Eles tomaram uma decisão estratégica há 20 anos de aplicar investimentos na mobilidade elétrica. Isso inclui veículos elétricos, híbridos, híbridos plug-in, os mild hybrids, sistemas de carregamento, baterias de altíssima tecnologia. Hoje, eles estão entre cinco e dez anos à frente de todos os outros”, completa o especialista.

Vale lembrar que a primeira leva de carros chineses importados para o Brasil já era barata, mas o custo-benefício oferecido hoje é muito superior.

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