Carros manuais podem acabar? Entenda por que montadoras querem eles fora do jogo
Veículos com câmbio automático lideram as vendas, enquanto os modelos manuais enfrentam um declínio contínuo e podem desaparecer no Brasil.
Nos últimos anos, o mercado automotivo brasileiro tem testemunhado uma transformação significativa com a ascensão dos veículos automáticos. Não apenas nos modelos novos, mas também nos usados, esse tipo de câmbio tornou-se amplamente preferido pelos consumidores.
Em 2012, os carros com câmbio manual dominavam as vendas, representando 79,8% dos veículos novos. No entanto, uma década depois, essa participação caiu drasticamente para 37,7%, conforme dados da Jato. A mudança indica uma tendência clara de preferência por modelos automáticos.
Os SUVs compactos são os que mais impulsionam essa tendência, com 67% das vendas em 2022. Modelos como o Fiat Pulse e o Renault Duster ainda oferecem versões manuais, mas são exceções. Comparativamente, os compactos 1.0 aspirados ainda mantêm alguma relevância no mercado.
Picapes e o câmbio manual
Embora a maioria das picapes compactas ainda utilize câmbio manual, as versões intermediárias e as médias já aderiram majoritariamente ao sistema automático. Desde 2019, 85% das picapes intermediárias são automáticas, enquanto nas médias esse percentual caiu para 77% em 2022.
Entre os furgões, a Ford Transit e a Iveco Daily serão as pioneiras a implementar câmbio automático nos próximos meses. Essa mudança reflete a tendência crescente de automatização em diversos segmentos automotivos.
Impacto econômico e futuro das vendas
Para entender essa transição, é importante considerar o impacto econômico. Os modelos automáticos, embora mais caros, estão se tornando mais acessíveis devido ao aumento nas vendas. O preço médio dos carros vendidos no Brasil hoje é de R$ 137.852, criando barreiras para muitos compradores.
- Diferença de preço
Na Fiat, por exemplo, o Cronos Drive 1.3 CVT é R$ 6.000 mais caro que sua versão manual. Já no Renault Duster, essa diferença sobe para R$ 11.000. Apesar disso, os automáticos continuam sendo a escolha predominante.
Mercado de usados e percepção dos consumidores
O interesse por carros automáticos também se reflete no mercado de usados e seminovos. Especialistas explicam que a demanda por veículos automáticos é constante, mesmo com custos mais altos.
A oferta ainda majoritária de câmbios manuais no mercado de usados pode influenciar a valorização desses modelos.
A previsão é de que, em 2030, apenas 5% dos carros vendidos no Brasil terão câmbio manual. Essa projeção é sustentada pelas limitações técnicas dos câmbios manuais em acompanhar os avanços em conectividade e automação. Confira abaixo alguns carros vendidos no Brasil ainda com câmbio automático:
Fabricante | Modelo | Preço |
---|---|---|
Fiat | Pulse Drive 1.3 MT | R$ 107.990 |
Peugeot | 208 Active | R$ 79.990 |
Citroën | C3 Live | R$ 70.590 |
Chevrolet | Onix 1.0 | R$ 90.770 |
Volkswagen | Polo Track | R$ 92.990 |
Renault | Kwid Zen | R$ 76.090 |
Hyundai | HB20 Sense Plus | R$ 90.690 |
Toyota | GR Corolla Core | R$ 416.9 |
A tendência de aumento na preferência por câmbios automáticos é clara e parece irreversível. Com o avanço das tecnologias, a conectividade e a busca por conforto, o futuro do câmbio manual no Brasil é incerto, e sua extinção parece apenas uma questão de tempo.