Carros mexicanos ‘invadem’ o Brasil e Tesla pode ser a próxima
Modelos fabricados no México por montadoras tradicionais têm 1,2% de participação no mercado brasileiro.
O grande destaque deste ano no mercado automotivo brasileiro foi a “invasão” das montadoras chinesas, como BYD e GWM, que chegaram ao país com preços competitivos e tecnologias atraentes. Para bater de frente com as rivais, montadoras locais pedem a volta do imposto de importação sobre carros eletrificados.
Porém, existe outra “invasão” da qual pouco se fala no Brasil em meio um cenário sem alíquotas de importação, mas que deve ganhar espaço nos próximos anos. Estamos falando dos veículos importados do México.
Em relação aos chineses, a diferença é que a maioria dos modelos mexicanos são trazidos por marcas tradicionais no mercado nacional, como Chevrolet, Ford, Nissan, Volkswagen, Ram, Kia, Audi e Mercedes-Benz. Já os carros chineses são de fabricantes estreantes por aqui.
Mais de 26,8 mil unidades de veículos foram importadas do México para o Brasil em 2023, aumento expressivo em relação aos 14,9 mil carros chegados no ano passado. Já a China importou 32 mil unidades no período, segundo dados da Anfavea.
Preferência pelo México
O Brasil é o terceiro maior importador mundial de carros mexicanos, atrás apenas de Argentina e China. “O país tem uma excelente eficiência na produtividade, primeiro, pelo custo México, que é baixo. Tanto salários quanto impostos são feitos de tal maneira a não onerar os veículos de exportação. Outra razão é a produção de escala: parte dos veículos vendidos na América do Norte são oriundos do México, eles conseguem fabricar grandes volumes a preços baixos”, explica o consultor automotivo Cássio Pagliarini.
A indústria do país norte-americano é a maior da América Latina também por outros motivos, como os acordos comerciais com outras nações. Os carros que vêm ao Brasil, por exemplo, são isentos de imposto de importação, o que favorece a atividade das montadoras que operam no México.
Segundo Milad Kalume, da Jato Informações Automotivas, os veículos mexicanos representam 1,2% do mercado brasileiro, mas apesar da participação modesta, possuem alto valor agregado. “Acredito que o México deva recuperar o patamar de suas exportações para o Brasil para níveis entre 2% e 2,5% em volume e em relação a valor entre 2,5 e 3%”, afirma.
Volta do imposto
Uma decisão que deve beneficiar a importação de carros do México é a volta do imposto de importação para híbridos e elétricos em janeiro de 2024. A alíquota será retomada gradualmente até alcançar 35% em julho de 2026.
Os negócios com os mexicanos, no entanto, não serão prejudicados. As montadoras continuarão usufruindo do benefício de isenção em razão do acordo de Livre Comércio com o Brasil, que importa modelos como o Ford Mustang Mach-E, por exemplo.
BMW e Volkswagen estão de olho no movimento e já anunciaram a produção de carros inéditos a bateria no país. Já a Tesla declarou que construiu a maior fábrica de carros elétricos do mundo no território mexicano, o que indica que os modelos da marca de Elon Musk podem chegar em breve ao Brasil.