Chinesas abandonam má fama para virar potência automotiva. Como isso aconteceu?

Fabricantes de veículos sediadas na China deixam para trás a imagem de produtoras de carros de má qualidade e se tornam referência no mercado.

No início da segunda década dos anos 2000, as montadoras chinesas produziam modelos que geravam desconfiança devido à sua qualidade inferior em relação às fabricantes mais tradicionais. Naquela época, o mercado brasileiro havia acabado de registrar a primeira onda de investimentos dessas marcas asiáticas, as quais já se mostravam um fracasso.

Um marco desse período foi um test-drive, realizado por um jornalista especializado no ramo automotivo, em que um dos pedais do veículo quebrou logo que ele começou a dirigir. Para a surpresa de muitos, as chinesas vivem um cenário completamente diferente agora, menos de uma década após a derrota.

Hoje, muitos veículos vendidos por essas marcas são mais tecnológicos e potentes que os modelos gigantes do setor. Mas, o que aconteceu para que essa mudança tomasse forma?

Segundo Milad Kalume, da consultoria Jato Informações Automotivas, a aposta no segmento de carros elétricos foi um dos maiores acertos das empresas asiáticas, que se empenharam em dominar a tecnologia para produzir veículos de maior qualidade e menor custo.

“A China investiu em todas as pontas da cadeia: matéria-prima, produção, portos. As montadoras contrataram os melhores especialistas, com experiência nas marcas ocidentais, para construir seus carros. Por isso, evoluíram muito em pouco tempo”, explica.

Fatores que impulsionam as fabricantes chinesas

Além do motivo citado pelo especialista, a União Europeia atribui a melhora na qualidade dos automóveis chineses aos incentivos governamentais. “Os mercados globais estão agora inundados com carros elétricos mais baratos. E o seu preço é mantido artificialmente baixo por enormes subsídios estatais”, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no fim de 2023.

Outro ponto importante é que a China representa o maior mercado de veículos elétricos do mundo, e muitas fabricantes do país produzem em larga escala para atender apenas à demanda interna. Com isso, conseguem fabricar um volume considerável para reduzir os custos de exportação.

Também vale citar o contexto diferente dessas montadoras, que continuam focadas em volume. “As próprias montadoras têm vocalizado que estão dando preferência a veículos de maior valor agregado em detrimento dos carros de volume, que são menos rentáveis. Com isso, os carros de entrada sumiram do mercado. Por outro lado, as empresas chinesas têm um volume de produção grande em todo o mundo, conseguindo suprimentos a preços mais competitivos”, completa o consultor automotivo Ricardo Bacellar.

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