Citroën-Kégresse: conheça os pioneiros que inspiraram veículos off-road

Citroën-Kégresse, com suas peculiaridades, abriram caminho para os veículos off-road antes mesmo do famoso Jeep.

A Citroën, conhecida por sua inovação em tração dianteira, muitas vezes é esquecida por seu papel no desenvolvimento de veículos todo-terreno. Antes da popularização dos 4×4 e da criação do Jeep, os Citroën-Kégresse já desbravavam trilhas difíceis ao redor do mundo.

O engenheiro Adolphe Kégresse, em parceria com André Citroën, desenvolveu os autochenilles (auto-lagartas, em francês), carros que superavam desafios geográficos de maneira única.

Frutos da colaboração entre Citroën e Kégresse, os autochenilles demonstraram a capacidade dos automóveis de enfrentar terrenos complicados, desde o deserto do Saara até a vastidão da China.

No Brasil, essa inovação também teve seu espaço, deixando um marco na agricultura e na evolução dos veículos todo-terreno.

O gênio por trás dos autochenilles

Adolphe Kégresse, nascido em 1879, apaixonou-se por mecânica e começou sua carreira instalando motores em bicicletas. Após trabalhar na Rússia, Kégresse inventou as primeiras lagartas flexíveis para enfrentar a neve, invenção que mais tarde resultaria nos autochenilles.

Carro-lagarta do czar Nicolau II fotografado em 1917. (Foto: Jason Vogel)

Em 1919, ele retornou à França, onde, por meio de contatos, conheceu André Citroën, iniciando uma história de inovação nos veículos off-road.

Parceria com Citroën

Em 1920, André Citroën assistiu a uma demonstração das lagartas de Kégresse e ficou impressionado. A partir daí, a Citroën garantiu a exclusividade da patente e iniciou a produção de veículos com lagartas.

Em 1922, o primeiro modelo off-road, o P1T (ou K1), foi utilizado pelo exército francês, destacando-se por sua capacidade de atravessar terrenos acidentados silenciosamente.

Expedições históricas

As expedições utilizando os autochenilles foram um marco na história dos veículos todo-terreno. A primeira grande aventura foi a Travessia do Saara em 1923, quando cinco K1 percorreram 3 mil quilômetros pelo deserto.

Posteriormente, a Croisière Noire (Travessia Negra) percorreu a África de norte a sul entre 1924 e 1925, promovendo a marca Citroën e explorando novas rotas comerciais.

Croisière Jaune: um desafio Ásia

Planejada entre 1928 e 1931, a Croisière Jaune (Travessia Amarela) surgiu para ligar Beirute a Pequim. A expedição, que enfrentou condições adversas, foi dividida em dois grupos, utilizando modelos P21 e P17.

Essa jornada, além de promover a Citroën, mostrou a resistência dos autochenilles em terrenos difíceis, passando até pelo Himalaia.

Impacto no Brasil e legado militar

Os auto-lagartas chegaram ao Brasil, onde foram usados na agricultura e demonstrados em São Paulo. Em 1923, Washington Luís testou o veículo, impressionando-se com sua capacidade.

Fora do Brasil, os autochenilles foram adotados por vários países, influenciando o desenvolvimento de veículos militares, como os Half-Tracks dos EUA durante a Segunda Guerra Mundial.

A história do Citroën-Kégresse revela a importância dos autochenilles como precursores dos modernos veículos off-road. Embora o Jeep tenha popularizado o conceito 4×4, os veículos Citroën-Kégresse já haviam aberto trilhas significativas no mundo todo.

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