Da rua para sua casa: China transforma veículos elétricos em geradores de energia
China pretende revolucionar o abastecimento de energia utilizando carros elétricos como fonte, alavancando sua vasta frota para estabilizar a rede elétrica nacional.
O crescimento vertiginoso dos carros elétricos na China está prestes a mudar não apenas a mobilidade urbana, mas também a forma como a energia elétrica é consumida e distribuída.
O país pretende utilizar veículos elétricos como fontes móveis de energia, permitindo que residências e empresas recebam eletricidade diretamente das baterias dos automóveis durante os horários de pico de consumo.
Como funcionará o sistema bidirecional?
O projeto chinês prevê a instalação de milhares de estações de carregamento bidirecional, capazes de tanto carregar a bateria do carro quanto injetar energia de volta na rede elétrica.
A lógica é simples: durante horários de baixo consumo, os veículos são carregados com energia mais barata; e, em momentos de alta demanda, parte dessa energia retorna à rede.
Segundo testes preliminares do governo, os proprietários podem receber até 1.400 yuans por carga, o equivalente a cerca de R$ 1.046, criando um incentivo financeiro para participar do sistema.
Esse mecanismo é semelhante à compensação simplificada já utilizada por residências com painéis solares que injetam energia excedente na rede elétrica.

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Escala e metas ambiciosas
Atualmente, o programa está em fase experimental, com 30 estações instaladas em nove cidades chinesas. O objetivo é expandir para 5 mil estações até 2027 e alcançar uma capacidade total de 1 bilhão de quilowatts até 2030.
Com mais de 40 milhões de carros elétricos circulando, a China se prepara para ter a maior rede de baterias móveis do mundo, um passo crucial para reduzir a dependência do carvão e estabilizar o fornecimento de energia.
Inspirado por iniciativas globais
Embora a China esteja liderando em escala, o conceito de Vehicle-to-Grid (V2G) já existe em cerca de 150 projetos ao redor do mundo.
Países como Espanha, Japão e Estados Unidos testaram sistemas semelhantes, mas poucos conseguiram expandir para toda a nação.
A vantagem chinesa está no tamanho da frota de EVs e nos subsídios governamentais robustos que estimulam a implementação.
Desafios técnicos e econômicos
Apesar das perspectivas promissoras, a adoção em massa enfrenta obstáculos:
- Custo elevado: carregadores bidirecionais custam entre US$ 2.100 e US$ 2.800 (R$ 11,2 a 14,9 mil), quase três vezes o preço de um carregador convencional.
- Compatibilidade veicular: nem todos os carros são capazes de fornecer energia à rede.
- Degradação da bateria: uso frequente para injeção na rede pode reduzir a vida útil das baterias, preocupando consumidores.
A China rumo ao ‘Estado Elétrico’

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O país, historicamente o maior poluidor mundial, está se transformando em um modelo de energia renovável, investindo em projetos grandiosos como o maior parque solar do mundo no Tibete e a colossal Usina Hidrelétrica de Três Gargantas.
O sistema bidirecional para carros elétricos é mais um passo para consolidar a China como um verdadeiro estado elétrico, mostrando que inovação e sustentabilidade podem andar de mãos dadas.