Denúncia! Indústria de pneus no Brasil tem preços superfaturados, diz estudo
Consultoria Charles River Associates revela prática de elevação artificial de preços de matérias-primas por fabricantes nacionais.
Uma polêmica envolvendo a indústria de pneus no Brasil acaba de ganhar um novo capítulo. O setor reivindica melhores condições de competitividade em relação aos pneus importados, e agora a consultoria global Charles River Associates (CRA) trouxe à tona uma prática preocupante.
A CRA, com mais de 50 anos de experiência em investigações econômicas e estratégicas, revelou que os fabricantes nacionais de pneus estão elevando artificialmente os preços dos insumos importados.
Esta prática visa justificar o pedido de aumento no imposto de importação e tem impacto direto sobre caminhoneiros e consumidores, os principais afetados pelo reajuste indevido. Saiba mais a seguir.
Superfaturamento de pneus no Brasil
A consultoria CRA analisou quatro itens essenciais para a fabricação de pneus: negro de fumo, borrachas de estireno-butadieno (SBR), borracha de butadieno (BR) e borracha natural tecnicamente especificada (TSNR). Juntos, esses materiais representam quase 70% do custo da matéria-prima.
A diferença de preços nos insumos chega a 46% para o negro de fumo. Para SBR e BR, a diferença é de 23% e 19%, respectivamente. Apenas para o TSNR, a diferença é menor, de 5%. Isso indica uma elevação artificial dos preços quando comprados de empresas do mesmo grupo econômico.
Recentemente, o Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex) anunciou o aumento da sobretaxa sobre pneus de carros de passeio, de 16% para 25%, e sobre 30 produtos químicos, com alíquotas que subiram de cerca de 10,8% ou 12,6% para 20%.
O pedido foi atendido após reclamações da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).
Contudo, o relatório da CRA sugere que os preços pagos pelas indústrias nacionais são mais altos quando as compras são realizadas por empresas do mesmo grupo econômico. Segundo a consultoria, isso serve como justificativa para o aumento do Imposto de Importação que a Associação da Indústria de Pneumáticos (ANIP) quer elevar para 35%.
Resposta da indústria
Em resposta, Ricardo Alípio da Costa, presidente da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Pneus (ABIDIP), argumentou que a crise no setor é agravada pelo dólar a R$ 5,65 e pelo frete marítimo internacional a nove mil dólares por contêiner. Ele sugere que o governo verifique os custos dos fabricantes antes de tomar qualquer decisão precipitada.
Samer Nasser, diretor de Relações Institucionais da Sunset Tires, criticou as alegações do presidente da ANIP, Klaus Curt Müller, e de Damian Seltzer, afirmando que a acusação de concorrência desleal carece de provas.
Enquanto a CRA aponta para um possível superfaturamento de insumos pelas indústrias nacionais, o aumento das alíquotas de importação já começou a gerar repercussões no mercado. As discussões sobre concorrência desleal e os custos reais de produção seguem sem resolução definitiva, exigindo maior atenção das autoridades.