É bom ou ruim? Preço da gasolina no Brasil está 19% abaixo da média mundial
Valores praticados pela Petrobras estão em defasagem em relação ao mercado externo, onde as cotações voltaram a subir.
O preço da gasolina vendida pela Petrobras está 19% mais baixo do que as cotações no mercado externo, enquanto o diesel custa 13% a menos no Brasil do que internacionalmente. Para especialistas, o aumento dos valores no exterior está associado à retomada do crescimento econômico da China e aos conflitos no Oriente Médio.
Segundo Pedro Rodrigues, diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), existe um bom espaço para o reajuste dos preços, principalmente da gasolina, que, em sua visão, está com 24% de defasagem.
O preço da gasolina na refinaria nacional (Petrobras) está em torno de 24% abaixo da referência internacional. A grande defasagem praticada na precificação dos combustíveis pela Petrobras acaba por prejudicar a atuação dos demais players do mercado, como os importadores e outros refinadores de menor escala, explica.
Competitividade do etanol
Um dos pontos levantados pelo especialista é a relação direta entre a viabilidade comercial do etanol e a cotação da gasolina, já que essa diferença é o que dita a competitividade do biocombustível. Quando seu preço corresponde a até 70% do valor do derivado de petróleo, vale mais a pena escolher o álcool.
“O reajuste, ou não, do preço da gasolina tem um reflexo direto no mercado do etanol, tornando-o mais ou menos competitivo. Uma grande defasagem no preço da gasolina, por um longo período, pode contribuir para que o preço ao consumidor final seja mais atrativo, ameaçando o consumo do etanol”, detalha Rodrigues.
Visão externa
O executivo também ponderou sobre a visão internacional acerca da questão da defasagem dos combustíveis vendidos no Brasil. Segundo ele, a perspectiva depende totalmente do interlocutor.
Importadores e produtores independentes atuantes no mercado doméstico veem a defasagem sob uma ótica negativa, pois ela representa uma assimetria de mercado, originada no exercício do poder de mercado da Petrobras. Por atender uma fatia muito grande do mercado, a petroleira pode manter os preços baixos de forma artificial, afirma.
Para investidores da Petrobras, a postura é vista com maus olhos, pois remete a um passado não tão distante em que as políticas de controle de mercado promovidas pela petroleira causaram sérios danos à sua reputação e operação”, completa.