Eleição argentina pode eliminar a venda de alguns carros no Brasil

Entenda como a eleição de Javier Milei influencia no mercado automobilístico brasileiro.

No último final de semana, Javier Milei foi eleito presidente da Argentina, e essa decisão política pode ter impactos significativos na indústria automobilística brasileira. Caso o presidente eleito cumpra suas promessas de campanha, é possível que ele reveja aspectos da relação comercial entre os dois países.

Nesse contexto, dependendo das decisões tomadas, a revisão dos acordos bilaterais pode resultar na retirada de modelos como Ford Ranger, Toyota Hilux, Fiat Cronos e Peugeot 208 das ruas brasileiras, já que esses modelos são importados da Argentina.

Campanha

É relevante destacar que Milei, que é de extrema-direita, conquistou votos ao afirmar que não negociaria com comunistas, incluindo o presidente Lula (PT) em sua descrição.

O presidente eleito também considera a possibilidade de retirar a Argentina do Mercosul, o que, na prática, significaria a dissolução do acordo de livre comércio com o Brasil. Diante dessa perspectiva, ambos os países passariam a pagar impostos de importação sobre veículos.

Histórico comercial

Historicamente, a Argentina é o principal parceiro comercial do Brasil no que diz respeito à compra e venda de veículos. Embora o país compartilhe protagonismo com o México em termos de volume de vendas, a Argentina é mais relevante, especialmente quando se trata do valor total das transações comerciais.

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a Argentina foi responsável por 33,2% da arrecadação em exportações de veículos de passeio e 17% dos veículos de carga entre janeiro e outubro deste ano. Em relação às importações, 43% do valor gasto em veículos de passeio e 68% dos veículos de carga foram provenientes da Argentina.

Outro aspecto crucial dessa relação é o comércio de peças automotivas, fundamental para a produção de veículos em ambos os países. Caso o acordo de livre comércio seja encerrado, as negociações podem seguir por caminhos distintos, dependendo da carga tributária aplicada.

Em resumo, o término do acordo pode resultar em taxas mais elevadas ou até mesmo inviabilizar o comércio entre os dois países.

Reação do mercado

A FGV, por meio de seu Indicador de Comércio Exterior (ICOMEX), sinalizou que a vitória de Milei poderá representar riscos para o comércio bilateral entre o Brasil e a Argentina, mesmo que a ameaça de sair do Mercosul não seja concretizada. Segundo a nota, a Argentina não deverá facilitar acordos que aprimorem o comércio de bens e serviços na região.

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