Etanol misturado à gasolina reduz quilometragem? Motoristas manifestam insatisfação

Combustível E20 gera discussões sobre eficiência reduzida, mas montadoras garantem segurança. Motoristas expressam preocupações e esperam por esclarecimentos.

A transição para combustíveis sustentáveis vem ganhando força em todo o mundo, mas na Índia, terceiro maior mercado automotivo do planeta, ela tem gerado polêmica.

A introdução do E20, gasolina misturada com 20% de etanol, está no centro de um intenso debate entre montadoras, motoristas e autoridades.

Embora a iniciativa esteja alinhada à meta do governo indiano de reduzir a dependência de combustíveis fósseis e estimular a energia limpa, consumidores relatam preocupações sobre queda na quilometragem, durabilidade dos veículos e falta de opções nos postos de combustível.

O que dizem as montadoras indianas

Segundo a Sociedade Indiana de Fabricantes de Veículos (Siam), entidade que reúne marcas como Maruti Suzuki, Hyundai, Mahindra, Tata Motors e Toyota, o impacto do E20 no desempenho é relativamente pequeno: entre 2% e 4% de redução na quilometragem.

A organização reforça que o combustível é seguro, mesmo para veículos mais antigos, e que eventuais problemas de funcionamento serão cobertos por garantias e seguros oferecidos pelas empresas.

Apesar da defesa oficial, motoristas têm recorrido às redes sociais para relatar experiências negativas, apontando quedas mais significativas no rendimento, especialmente em carros fabricados antes da adoção do programa.

Combustível sustentável, mas polêmico

O governo de Narendra Modi estabeleceu a meta de adotar o E20 até 2025 como parte de sua estratégia de transição energética.

O combustível começou a ser disponibilizado em 2023, substituindo gradualmente versões anteriores como o E5 e o E10, que eram mais compatíveis com veículos antigos.

Hoje, praticamente todos os 90 mil postos de combustível da Índia oferecem apenas o E20, o que deixou os motoristas sem alternativas. Essa medida, apesar de reforçar o compromisso ambiental, aumentou a insatisfação dos consumidores.

Foto: Shutterstock

Diferença entre teoria e prática

Estudos controlados indicam queda moderada no rendimento, mas especialistas destacam que, nas ruas e rodovias indianas, os resultados podem variar bastante.

Questões como manutenção, estilo de direção e condições do tráfego contribuem para oscilações na eficiência do combustível.

“Na estrada, a experiência pode ser muito diferente da registrada em laboratório. Isso depende de como os veículos são dirigidos e mantidos”, explicou C.V. Raman, membro do comitê executivo da Maruti Suzuki.

A polêmica ganhou tanta força que um processo de interesse público chegou à Suprema Corte da Índia, questionando a retirada de opções mais antigas e os possíveis impactos do E20 no mercado automotivo e na economia de combustível. A decisão pode abrir precedentes importantes para o futuro da matriz energética do país.

O futuro do E20 na Índia

Apesar das críticas, especialistas ressaltam que a transição energética é inevitável. Para os motoristas, a adaptação será um processo gradual, exigindo maior atenção à manutenção dos veículos e, possivelmente, custos mais altos com combustível a curto prazo.

O E20 simboliza um passo importante rumo a um modelo mais sustentável de mobilidade, mas também evidencia os desafios de equilibrar eficiência, segurança e aceitação popular. A Índia, ao acelerar esse processo, se torna um laboratório global sobre os impactos do etanol no transporte.

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