General Motors revê estratégia elétrica e registra impacto financeiro de US$ 1,6 bilhão

GM revisa estratégia de elétricos, enfrentando US$ 1,6 bi em perdas e ajustando produção devido à demanda.

A General Motors decidiu apertar o freio na corrida dos elétricos, decisão que terá impacto no caixa da montadora. O balanço do terceiro trimestre trará um encargo de US$ 1,6 bilhão, reflexo direto de um avanço mais lento do que o esperado na eletrificação da frota.

Desse montante, US$ 1,2 bilhão correspondem a ajustes contábeis ligados à revisão da capacidade produtiva e à reorganização de estruturas. Já os US$ 400 milhões restantes serão desembolsos reais, voltados a rescisões contratuais e revisões de acordos com parceiros industriais.

Com o setor enfrentando um cenário de demanda mais tímida, a GM reavalia fábricas e investimentos para adaptar o ritmo à nova realidade. A meta, segundo executivos, é ajustar a estratégia sem perder tração no futuro elétrico — um caminho que promete continuar, mas com uma aceleração mais cuidadosa.

Impacto financeiro e cronograma

Essas despesas serão apresentadas como itens especiais quando a empresa divulgar os resultados do terceiro trimestre, em 21 de outubro de 2025. O impacto afetará o lucro líquido, mas não o lucro ajustado (EBIT ajustado), métrica usada por analistas de Wall Street.

A GM foi uma das primeiras montadoras a investir pesado em eletrificação, chegando a planejar US$ 30 bilhões até 2025 em novos modelos e fábricas de baterias. No entanto, o cenário regulatório mudou.

O fim do crédito federal de US$ 7.500 durante o governo Trump reduziu o incentivo à compra de veículos elétricos, em contraste com o apoio dado pelo presidente Joe Biden. Assim, a empresa passou a esperar um ritmo mais lento de adoção desses veículos, especialmente após o afrouxamento das regras de emissões.

Desempenho no mercado

Mesmo com os desafios, a GM ampliou suas vendas e hoje oferece a maior variedade de modelos elétricos nos Estados Unidos. Segundo a Motor Intelligence, a participação da montadora no mercado subiu de 8,7% para 13,8% no terceiro trimestre.

Apesar disso, ela ainda está atrás da Tesla, que mantém cerca de 43,1% de participação, embora tenha superado o Grupo Hyundai Motor (incluindo Kia), que detinha 8,6% até setembro.

Análises e movimentos do setor

Em junho, o analista John Murphy já havia previsto perdas bilionárias no relatório Car Wars.

A Ford Motor também anunciou, há mais de um ano, um impacto de US$ 1,9 bilhão em seus projetos elétricos — incluindo US$ 400 milhões em baixa de ativos fabris e US$ 1,5 bilhão em despesas e caixa. Parte desse valor veio do cancelamento de um SUV elétrico de três fileiras e do adiamento de uma nova picape elétrica de grande porte.

A GM segue ajustando sua produção e investimentos em veículos elétricos diante de políticas instáveis e demanda menor do que a prevista. A empresa reconhece que novas despesas podem surgir à medida que o processo de revisão continua.

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