Gigantes da indústria adiam eletrificação total e renovam aposta em motores a combustão
Montadoras adaptam estratégias, priorizando combustão e híbridos, enquanto consumidores aguardam infraestrutura elétrica.
O futuro da mobilidade global está em plena transformação. Gigantes como Porsche, Mercedes-Benz, Ford e Stellantis revisitam estratégias e estendem a vida útil dos motores a combustão para além de 2035, ponderando custos, demanda e margens de lucro.
A pressão regulatória e a competição crescente obrigam as montadoras a inovar rapidamente.
Na Europa, a transição para elétricos ainda enfrenta obstáculos. A Alemanha, por exemplo, revisa subsídios reduzidos e lida com o aumento do custo das baterias, equilibrando apostas entre tecnologia tradicional e verde.
Enquanto isso, montadoras chinesas avançam com veículos mais baratos e conectados, conquistando espaço no mercado.
Os consumidores, por sua vez, mostram cautela: esperam uma infraestrutura robusta e soluções confiáveis antes de abraçar completamente os elétricos. Diferentemente de regiões como a Califórnia, onde a adoção acelerou, o Velho Continente sinaliza que o caminho para a eletrificação será gradual, estratégico e cheio de reviravoltas.
Estratégia industrial em revisão
As marcas alemãs e americanas adotam um ritmo mais pragmático na eletrificação e confirmam motores a combustão além de 2035. O objetivo é proteger margens e preservar caixa.
Bruxelas segue pressionando por metas climáticas, mas o mercado reage com maior prudência.
Custos de baterias superaram projeções, e o fim de incentivos acelerou as revisões dos planos de eletrificação. Como consequência, várias empresas estão postergando a construção de fábricas e reduzindo investimentos. Enquanto isso, a competição com a Tesla e fabricantes chineses se intensifica nas vitrines europeias.
Porsche, Mercedes-Benz e Ford
A Porsche cancelou um SUV elétrico de topo, registrando impacto negativo de 1,8 bilhão de dólares. Além disso, a produção de baterias de alto desempenho em Reutlingen, via Cellforce Group (Customcells), perdeu tração.
A empresa prioriza híbridos e a combustão, mas mantém o Taycan e o próximo Macan elétrico no cronograma.
Já a Mercedes-Benz adiou a meta de vender apenas elétricos até 2030 e seguirá com motores a combustão após essa data. A montadora também desacelerou os investimentos em plataformas 100% elétricas. Portanto, a linha híbrida e de combustão permanece estratégica.
A Ford integra o grupo de marcas que recuam e ampliam o horizonte do motor a combustão para além de 2035. O movimento sinaliza a busca por um equilíbrio entre inovação, caixa e demanda, sem abandonar a eletrificação, porém com metas mais realistas e escalonadas.
Essas são apenas algumas das marcas que estão repensando suas metas ousadas à medida que a demanda desacelera.
Mercado e competição
Fabricantes chineses ocuparam espaço na Europa com veículos mais baratos e repletos de tecnologia. No entanto, muitos consumidores europeus preferem aguardar a maturidade da rede de recarga, que ainda não rivaliza com regiões como a Califórnia. Essa cautela reduz a velocidade de adoção.
A pressão por metas ambientais de Bruxelas continua, mas a elasticidade do mercado exige novas leituras. Portanto, as montadoras dividem recursos entre plataformas elétricas e soluções híbridas, enquanto defendem a rentabilidade em segmentos tradicionais na Alemanha e em outros países europeus.
Afora, as marcas adotam uma transição graduada para proteger as margens e atender às regulações. A infraestrutura e os custos guiarão a velocidade das próximas etapas, especialmente na Europa, onde a demanda segue volátil.