Governo Milei na Argentina pode deixar Hilux, 208 e Taos mais caros?
Novo presidente da Argentina sinalizou o fim do livre comércio com o Brasil, o que geraria a cobrança de impostos de importação.
O novo presidente eleito da Argentina, Javier Milei, chamou a atenção nas redes sociais por seu comportamento excêntrico e falas polêmicas, mas sua posição também preocupa o mercado automotivo. Durante sua campanha, o político ameaçou fechar o Banco Central e até sair do Mercosul, ameaçando o livre comércio com o Brasil.
O eventual fim da parceria comercial resultante da saída do bloco econômico regional pode significar a cobrança de imposto de importação sobre os carros produzidos nos dois países. Assim, os modelos fabricados na Argentina perderiam competitividade no Brasil, e vice-versa.
O resultado poderia ser a retirada de alguns modelos de linha, já que um comprador dificilmente pagaria mais caro por um Peugeot 208 tendo à sua disposição concorrentes como Chevrolet Onix e Volkswagen Polo. O hatch da marca francesa não faz tanto sucesso nem hoje em dia, que dirá mais caro por conta dos impostos.
Segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), o Peugeot 208 vendeu 2.832 unidades em outubro, contra mais de 10 mil unidades do Onix. O VW Polo, que leva o pódio de mais vendido entre automóveis e comerciais leves sobre a Fiat Strada, registrou mais de 11 mil saídas no último mês.
Outros nove modelos importados da Argentina também podem sofrer com as futuras decisões do novo presidente: Chevrolet Cruze e Sport6, Fiat Cronos, Toyota Hilux e SW4, Nissan Frontier, Ford Ranger e Volkswagen Amarok e Taos.
Ameaças podem se concretizar?
Apesar de Milei esbravejar contra o governo Lula e alegar que o chefe do Poder Executivo brasileiro está “usurpando a liberdade de imprensa e perseguindo a oposição”, não tem poder para tomar decisões com impacto imediato na indústria automotiva. O político nem mesmo tem a maioria do Congresso, o que dificulta o avanço de suas pautas.
Além disso, o livre comércio também beneficia a Argentina, que é o maior país importador de carros para o Brasil. Em 2022, foram mais de US$ 4,6 bilhões em veículos importados dos argentinos, enquanto o país vizinho comprou cerca de US$ 1,8 bilhão.