GRAVE! Senadores acusam montadoras de vender dados de motoristas
Políticos norte-americanos solicitam investigação para apurar a venda de dados de clientes a seguradoras.
A venda de dados de motoristas norte-americanos por montadoras como GM, Honda e Hyundai está na mira de Ron Wyden e Edward Markey, dois senadores dos Estados Unidos. Os políticos enviaram uma carta à Comissão Federal de Comércio dos EUA solicitando uma investigação sobre a comercialização de informações à Verisk Analytics.
A equipe dos senadores descobriu que a corretora de dados pagou um valor pequeno – de apenas alguns centavos – por detalhes sobre a condução, incluindo a forma como os condutores aceleram e freiam ou se excedem o limite de velocidade.
Esse pacote de informações é enviado pela empresa a companhias de seguros.
Venda ilegal de dados
Segundo a investigação dos políticos, a Honda vendeu à Verisk dados de 97 mil veículos de proprietários que aderiram ao programa Driver Feedback entre 2020 e 2024. A coleta ocorria por meio do aplicativo móvel da marca e ninguém foi informado da venda.
A fabricante japonesa recebeu US$ 25.920 (aproximadamente R$ 146 mil) durante quatro anos de venda de dados, cerca de 26 centavos (R$ 1,47) por veículo. No caso da Hyundai, a recompensa foi de pouco mais de US$ 1 milhão (R$ 5,64 milhões) ao longo de seis anos, ou 61 centavos (R$ 3,44) por automóvel.
Não foi possível apurar o valor pago à General Motors, mas fontes ligadas à empresa afirmaram que mais de oito milhões de carros estiveram envolvidos no programa de compartilhamento.
Em posse do pacote, a Verisk vendeu os dados de 1,7 milhão de veículos por cerca de US$ 1 milhão (R$ 5,6 milhões), ou US$ 0,61 (R$ 3,45) por carro.
Questionada sobre o assunto, a Honda afirmou que a coleta e o uso de dados são feitos “de forma responsável e respeitando todas as leis de privacidade aplicáveis”. A Hyundai e a GM ainda não comentaram a carta.
Foto: Shutterstock
Seguradoras lucram com as informações
Aí vem a pergunta: por que a Verisk e empresas semelhantes compram esses detalhes? Para vender a outras companhias, incluindo seguradoras, que conseguem recuperar o valor investido com facilidade a partir de alguns aumentos de tarifas.
O pacote contém detalhes sobre os hábitos dos motoristas, que podem ser usados pelas empresas de seguros para avaliar se vale a pena oferecer uma apólice para aquela pessoa. Essa avaliação influencia diretamente no preço da cobertura.
Um condutor que tem o costume de exceder o limite de velocidade, por exemplo, paga mais caro pela apólice. O mesmo vale para alguém que acelera demais.
“As empresas não deveriam vender dados de americanos sem o seu consentimento, ponto final. Mas é particularmente insultuoso para os fabricantes de automóveis que vendem carros por dezenas de milhares de dólares e depois extraem alguns centavos adicionais de lucro com os dados privados dos consumidores”, alertam os senadores na carta.