Honda e Toyota não gostam de vender carro para locadora; por quê?

Pouco mais de 11% das unidades do HR-V emplacadas no primeiro semestre deste ano foram compradas na modalidade venda direta.

Se você costuma alugar carros em empresas de locação, sabe que encontrar um modelo das marcas Toyota, Hyundai e Honda é bem desafiador. Apesar da popularidade de automóveis como o Corolla Cross, o HR-V e o Creta, não é fácil encontrar nenhum deles nos serviços de aluguel.

O motivo é que esses carros possuem poucas unidades oferecidas na venda direta, modalidade de negócio exclusiva para públicos como locadoras de veículos, frotistas e produtores rurais. Nessa transação facilitada, o cliente assina um pedido diretamente à fábrica e paga mais barato do que as pessoas físicas.

Segundo dados da Fenabrave, somente 11,3% de todas as unidades do Honda HR-V emplacadas no primeiro semestre de 2024 foram reservadas para venda direta. O restante dos exemplares, correspondendo a 88,67% do total, foi comprado pelos consumidores finais.

Os números são semelhantes aos de Hyundai Creta e Toyota Corolla Cross, que destinaram 83,38% e 80,31% dos carros para o varejo, nessa ordem. A dinâmica é contrária à de modelos como Renault Kwid, que registra muito mais saídas na venda direta (82,3%).

Por que as marcas asiáticas não gostam dos frotistas?

Foto: Shutterstock

A explicação para essa tendência é que as três montadoras não estão interessadas em cobrar mais barato pelos seus modelos porque eles estão entre os favoritos do público. Para vender Creta, Corolla Cross e HR-V, não é necessário ‘apelar’ para esse tipo de negócio.

Hoje, a produção desses modelos é quase toda revertida para os consumidores do varejo, então as fabricantes não precisam inflar o volume de vendas ou diminuir a capacidade ociosa das fábricas.

Embora a relação da indústria com as locadoras seja positiva em momentos difíceis, como os de baixa demanda, ela se mostra uma fragilidade em períodos positivos para o mercado.

“A venda para locadoras não é a melhor, é sempre menos rentável, porque a marca precisa dar um desconto. Se os carros saem bem no varejo, não há por que vender em quantidade. Mas nenhuma marca pode virar as costas para elas, pois em épocas difíceis, elas salvam o negócio”, explica o consultor automotivo Milad Kalume.

Comprar um modelo muito vendido para os frotistas é ruim para o consumidor quando ele precisa revender o carro, especialmente porque essas empresas liberam várias unidades em massa quando renovam suas frotas. Isso cria uma grande oferta de automóveis específicos, o que aumenta a competição e diminui o valor de revenda.

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