Moto no corredor: afinal, é legal ou não? Veja o que realmente diz a lei
Saiba de uma vez por todas a verdade sobre andar de moto no corredor.
O trânsito nas grandes cidades brasileiras se tornou um retrato fiel da mobilidade moderna: congestionamentos intermináveis, excesso de veículos e pouca fluidez, especialmente nos horários de pico.
Nesse cenário desafiador, muitos motociclistas recorrem ao chamado “corredor”, o estreito espaço entre carros, como alternativa para ganhar tempo e evitar paradas constantes.
Apesar de ser uma prática amplamente observada nas ruas, ainda há dúvidas importantes: trafegar no corredor é permitido? Quais são os riscos? Existe regulamentação específica? Entender o que determina o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) é essencial para esclarecer essas questões.
Afinal, trafegar pelo corredor é permitido por lei?
Durante muitos anos, o deslocamento de motos entre os carros foi alvo de discussões e interpretações divergentes. Porém, desde a revogação do antigo Artigo 56 do CTB, em 1997, a prática passou a ser legalizada, desde que respeite determinadas condições.
O atual Artigo 29 do CTB deixa claro:
“É admitida a passagem de motocicletas, motonetas e ciclomotores entre veículos de faixas adjacentes no mesmo sentido da via, quando o fluxo estiver parado ou lento.”
Isso significa que o deslocamento no corredor não é liberado em qualquer situação. A manobra só é considerada legal quando o trânsito está congestionado ou fluindo a baixa velocidade.
Fora desses cenários, como em vias rápidas e com tráfego normal, o ato pode ser enquadrado como comportamento imprudente.
O CTB também orienta que o motociclista deve manter distância de segurança lateral e frontal, ainda que o texto não defina medidas exatas. É uma regra que exige responsabilidade, leitura de tráfego e prudência.

Foto: Reprodução
Multas e penalidades: o que acontece se a norma for desrespeitada
Quem trafega de forma irregular pelo corredor pode enfrentar consequências significativas. A infração resulta em multa de R$ 195,23 e em 5 pontos na CNH, penalidade considerada grave pelo sistema de trânsito brasileiro.
Além do impacto financeiro e na habilitação, a manobra imprudente aumenta o risco de acidentes, principalmente em vias de grande circulação.
Como o Brasil se compara a outros países?
Embora o trânsito no corredor seja aceito no Brasil em situações específicas, o mesmo não acontece mundo afora. Nos Estados Unidos, por exemplo, apenas a Califórnia permite oficialmente essa prática. Em grande parte dos demais estados, trafegar entre carros é considerado infração séria.
Essa distinção revela como cada país adapta suas normas às particularidades de mobilidade, densidade urbana e cultura local.
Faixa Azul: o projeto brasileiro que virou referência
Por não existir uma lei federal mais detalhada sobre o deslocamento de motos entre carros, algumas cidades passaram a criar iniciativas próprias para melhorar a segurança no trânsito. O maior exemplo é a Faixa Azul, projeto-piloto desenvolvido pela Prefeitura de São Paulo e pela CET.
Com 17 km de extensão na Avenida 23 de Maio, a faixa exclusiva para motociclistas foi criada para reduzir conflitos entre veículos e aumentar a fluidez.
Os resultados têm sido expressivos: nos trechos onde a Faixa Azul foi implementada, não houve registro de mortes, evidenciando o impacto positivo da iniciativa.
O projeto segue princípios da Visão Zero, conceito internacional que prega que nenhuma morte no trânsito é aceitável e que todos os acidentes podem ser evitados com planejamento adequado.
Segurança e responsabilidade devem vir primeiro
Diante da realidade das grandes cidades, a circulação de motos pelo corredor pode ser uma alternativa eficiente, desde que praticada com responsabilidade, atenção às normas e respeito ao CTB.
Com iniciativas como a Faixa Azul e com maior conscientização dos condutores, é possível construir um trânsito mais seguro, humano e equilibrado para todos os modais.