Mudanças no Uber: liberação de 4º passageiro causa polêmica e cancelamentos

As novas regras do Uber estão movimentando o debate entre motoristas e usuários em todo o país. A plataforma atualizou suas diretrizes e passou a permitir oficialmente o transporte de até 4 passageiros, incluindo a ocupação do banco dianteiro.

O que, à primeira vista, parecia uma medida voltada para aumentar a eficiência das viagens e favorecer grupos maiores, acabou desencadeando uma série de conflitos, reclamações e um aumento expressivo nas taxas de cancelamento.

Pode levar 4 passageiros no Uber?

Foto: Shutterstock

A resposta é sim. Desde novembro de 2024, o Uber reformulou suas políticas e liberou o uso do banco da frente para passageiros, permitindo que o veículo transporte até quatro pessoas por corrida.

A intenção da empresa foi clara: oferecer maior flexibilidade, ampliar a capacidade das viagens e tornar os deslocamentos de grupos mais econômicos e práticos. No papel, a regra funciona. Na prática, porém, a realidade tem se mostrado bem diferente.

Relatos de usuários mostram que muitos motoristas estão se recusando a permitir alguém no banco do carona e, em vários casos, cancelam a corrida ao perceber que há um quarto passageiro. Essa resistência tem sido motivada principalmente por dois fatores:

1. Segurança do motorista

Levar alguém ao lado reduz a sensação de proteção e aumenta o risco em caso de assaltos ou abordagens inesperadas.

Muitos motoristas relatam que preferem manter o banco da frente livre como forma de prevenção.

2. Conforto e espaço de trabalho

O banco do carona é visto por muitos como parte do ambiente de trabalho do condutor. A presença de um desconhecido nesse espaço pode gerar desconforto e até comprometer a atenção no trânsito.

Essas preocupações têm resultado em um aumento significativo nos cancelamentos, além de relatos de motoristas oferecendo “acordos por fora” para completar a viagem apenas com o banco traseiro ocupado, prática proibida pela plataforma.

Uber x 99: regras diferentes aumentam a confusão

A situação se complica ainda mais ao compararmos o Uber com a concorrente 99. Enquanto o Uber liberou oficialmente quatro passageiros, a 99 mantém a recomendação de transportar apenas três, todos no banco traseiro.

Essa divergência cria um cenário de choque de expectativas. Usuários que alternam entre os dois aplicativos frequentemente chegam ao veículo sem saber se será permitido sentar no banco da frente, gerando atritos e desconforto durante o embarque.

O que deve acontecer agora?

Especialistas em mobilidade urbana apontam que o modelo atual dificilmente se sustentará por muito tempo. De um lado, passageiros exigem que as regras da plataforma sejam cumpridas. De outro, motoristas priorizam segurança, conforto e autonomia.

A tendência é que, nos próximos meses, tanto Uber quanto 99 revisem suas diretrizes. Possíveis cenários incluem:

• Criação de categorias específicas, possivelmente mais caras, que permitam todos os assentos ocupados;
• Definição de normas mais claras sobre o uso do banco dianteiro;
• Maior comunicação para alinhar expectativas entre motoristas e passageiros.

O fato é que as novas diretrizes reacenderam um debate importante: como equilibrar segurança, eficiência e conforto em um modelo de transporte cada vez mais popular e essencial no dia a dia das cidades?