Não é carro elétrico: veja o que pode fazer o Brasil poluir muito menos

Brasil avança na descarbonização ao promover o etanol como alternativa aos carros elétricos.

A transição para uma mobilidade mais limpa e sustentável está entre os maiores desafios do século XXI. No entanto, o Brasil possui uma vantagem estratégica que pode acelerar esse processo sem depender exclusivamente dos carros elétricos: o etanol.

O combustível vegetal, além de ser mais acessível, desempenha um papel essencial na redução das emissões de carbono e pode tornar o país uma referência global em descarbonização veicular.

Essa discussão ganhou força durante o Summit Futuro da Mobilidade, evento realizado por Autoesporte e Valor Econômico em São Paulo, que reuniu especialistas, executivos e líderes da indústria automotiva.

O encontro, patrocinado pela Stellantis e com apoio da Renault e da Shell, abordou temas cruciais sobre o futuro da frota nacional e as alternativas para um transporte mais sustentável.

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Etanol como aliado na descarbonização da frota brasileira

Durante o painel “Etanol, elétricos, hidrogênio e combustível sintético: a descarbonização da frota brasileira em curto, médio e longo prazo”, especialistas destacaram o potencial do etanol como uma solução prática e eficiente para reduzir a poluição.

De acordo com André Valente, diretor de Sustentabilidade da Raízen, o Brasil já ocupa uma posição privilegiada na transição energética.

“A frota movida a etanol coloca o país em um patamar elevado de descarbonização. Nossa gasolina, com 30% de mistura de etanol, é uma das mais limpas do mundo, enquanto em outros países essa proporção raramente ultrapassa 10%”, afirmou.

Valente também ressaltou a importância da COP 30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas que será realizada em Belém (PA), como uma oportunidade para mostrar ao mundo as vantagens do combustível renovável.

Segundo ele, o etanol já representa cerca de 17% da matriz energética brasileira, contribuindo de forma decisiva para a sustentabilidade.

Híbridos flex: a ponte entre o etanol e a eletrificação

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Outra vertente promissora é a dos veículos híbridos flex, que unem energia elétrica e etanol em um sistema eficiente e de baixo impacto ambiental.

Spartacus Pedrosa, diretor de operações de lítio do Grupo Moura, destacou que “a bateria é fundamental para a descarbonização do futuro”, mas o uso de etanol como fonte de energia renovável complementa o processo, tornando-o mais viável e sustentável.

O cultivo da cana-de-açúcar, matéria-prima do etanol, ajuda ainda a absorver parte do carbono liberado durante a combustão, criando um ciclo ambientalmente mais equilibrado, algo que os veículos 100% elétricos ainda não conseguem alcançar em escala acessível.

Etanol como fonte de hidrogênio verde

Pesquisas recentes indicam que o etanol também pode ser usado na produção de hidrogênio, combustível essencial para carros elétricos movidos a célula de combustível.

O processo ocorre por meio da reação química entre etanol e água em altas temperaturas, gerando hidrogênio limpo que pode alimentar veículos sem gerar poluentes.

O Brasil já é referência nesse campo por sua expertise na produção de etanol de cana-de-açúcar e por liderar estudos em energia sustentável.

De acordo com Emílio Carlos Nelli Silva, do Research Centre for Greenhouse Innovation (RCGI-USP), “o etanol pode ser a solução mais eficiente e econômica para a produção de hidrogênio destinado à mobilidade elétrica”.

O futuro da mobilidade no Brasil passa pelo etanol

O presidente da Anfavea, Igor Calvet, reforça que o desenvolvimento de tecnologias com biocombustíveis pode reduzir em até 35% as emissões de carbono, além de impulsionar a eletrificação da frota sem comprometer o poder aquisitivo dos consumidores.

Com a expansão dos carros híbridos flex, o avanço das pesquisas com hidrogênio e o uso inteligente do etanol, o Brasil demonstra que a mobilidade sustentável pode ser alcançada com soluções próprias e economicamente viáveis, sem depender exclusivamente dos veículos elétricos.

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