O erro que todo motociclista comete e que pode custar o pé
Parece exagero, mas pilotar sem isso pode te levar ao hospital.
Usar capacete é obrigatório, e salva milhares de vidas todos os anos. Mas, quando o assunto é segurança do motociclista, o cuidado costuma parar na cabeça.
Poucos se lembram de que os pés e tornozelos estão entre as partes mais vulneráveis do corpo durante um acidente de moto, e a escolha do calçado pode definir se o piloto sai ileso ou com lesões permanentes.
Pesquisas recentes e especialistas em medicina do tráfego alertam: usar botas de proteção pode evitar amputações, fraturas graves e até salvar vidas. O simples hábito de pilotar de chinelo, tênis comum ou descalço é uma das principais causas de mutilações nos pés de motociclistas no Brasil.
Lesões graves nos pés: o risco invisível que todo motociclista corre
De acordo com o Dr. Fhilipe Xavier, ortopedista e presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) em Pernambuco, a falta de calçado adequado está diretamente ligada à gravidade dos ferimentos em acidentes com moto.
Em levantamentos anteriores, o Comitê de Prevenção de Acidentes com Motos de Pernambuco (Cepam) identificou que mais de 60% dos motociclistas internados por traumas nos pés precisaram amputar dedos ou parte do membro. Segundo Xavier, essa realidade pouco mudou nos últimos anos, e os motivos são simples: imprudência e falta de proteção.
“Chinelos e tênis não oferecem resistência a impactos, abrasões ou torções. Em uma queda, o asfalto destrói o tecido do calçado em segundos, e o pé é o primeiro a tocar o chão”, explica o especialista.
Por que a bota de proteção faz tanta diferença?
O uso de uma bota própria para motociclista reduz drasticamente o risco de fraturas, queimaduras e esmagamentos. Além de proteger contra o impacto com o solo, o calçado certo atua como um escudo térmico contra o calor do escapamento e evita lacerações quando o pé fica preso entre veículos.
Segundo Dr. Xavier, a altura da bota também é essencial:
“Tênis e sapatos comuns não protegem o tornozelo contra torções, o tipo de trauma mais comum em acidentes de moto.”
Ou seja, quanto maior a cobertura e a rigidez da bota, maior a proteção contra entorses, luxações e rupturas ligamentares, lesões que podem causar sequelas irreversíveis, como o chamado “pé caído”, em que o motociclista perde a capacidade de erguer o pé.

Botas de motociclistas estilo cano curto (Foto: Divulgação)
Caso real: bota salva motociclista de amputação
O piloto e influenciador Rafael Togni, conhecido no circuito do SuperBike Brasil, é prova viva da importância do equipamento.
Em um acidente a mais de 200 km/h, ele fraturou o tornozelo, mas escapou de uma amputação graças à bota de proteção. Segundo relatou, os médicos afirmaram que, sem o calçado, ele provavelmente teria perdido o pé.
Segurança que vai além da pista
O uso de botas e equipamentos de proteção não é apenas uma questão pessoal de segurança, é também uma medida de responsabilidade social e econômica.
O Dr. Fhilipe Xavier alerta que os acidentes de moto estão entre as principais causas de incapacidade permanente e aposentadorias precoces no Brasil.
“Muitos motociclistas ficam impossibilitados de trabalhar após um acidente. Proteger os pés é proteger também o sustento e a dignidade desses profissionais”, afirma.
A bota de motociclista pode parecer apenas mais um acessório, mas, na prática, é um dos equipamentos de proteção mais eficazes contra lesões graves.
Em um país onde as motos representam grande parte da frota, investir em equipamentos adequados de segurança é o caminho mais inteligente para preservar vidas, reduzir amputações e tornar o trânsito mais humano.
*Com informações Autopapo