O que está por trás da disparada dos preços dos carros?
Crise dos microchips, aumento das matérias-primas e novas regulamentações elevam os preços dos veículos.
Nos últimos anos, os preços dos carros dispararam em diversos mercados ao redor do mundo, e essa tendência não é diferente no Brasil. A alta dos veículos tem deixado motoristas e consumidores frustrados, já que modelos populares se tornaram inacessíveis para muitas pessoas.
Diversos fatores explicam esse aumento, desde a crise global de microchips até o encarecimento de matérias-primas. Além disso, novos padrões de segurança e regulamentações ambientais mais rígidas também contribuíram para essa escalada.
Impacto da crise dos microchips
Uma das principais causas desse aumento no preço dos automóveis é a escassez global de microchips, essenciais para o funcionamento dos carros modernos. Esses componentes eletrônicos, que controlam sistemas de navegação, segurança e assistência à condução, enfrentaram uma crise de produção durante a pandemia de Covid-19.
Entre 2020 e 2023, houve uma desaceleração na fabricação de semicondutores, o que afetou profundamente a indústria automotiva, que depende fortemente deles.
Com a redução da oferta e o aumento da demanda, os preços dos veículos subiram, especialmente porque a produção de semicondutores está concentrada em países como China, Taiwan e Coreia do Sul.
Embora planos para novas fábricas estejam sendo implementados na Europa e nos Estados Unidos, o setor ainda não se recuperou totalmente, mantendo os preços dos carros em patamares elevados.
Matérias-primas e nova estratégia
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Outro fator importante que contribuiu para o aumento dos preços dos carros foi o encarecimento das matérias-primas. Elementos como aço, alumínio, cobre e plásticos, essenciais na fabricação de veículos, sofreram grandes altas de preço nos últimos anos.
O pico desses aumentos ocorreu em 2022, mas ainda persistem problemas relacionados aos custos de transporte, energia e logística, que acabam sendo repassados aos consumidores finais.
Além disso, a inflação global também teve um impacto significativo.
O aumento dos preços de energia e da mão de obra em várias partes do mundo elevou os custos de produção, o que forçou as montadoras a ajustar os preços de seus veículos.
A pandemia de Covid-19 resultou em uma queda substancial nas vendas de automóveis em todo o mundo. Para compensar essa redução, muitas montadoras adotaram a estratégia de aumentar a rentabilidade por unidade vendida.
Isso significa que, em vez de focar em vender um grande número de veículos, as fabricantes optaram por elevar o preço dos carros vendidos, garantindo, assim, um lucro por unidade maior.
Essa abordagem tem sido comum entre as montadoras, principalmente com a pressão para manter os lucros em um mercado que ainda está se recuperando dos efeitos da pandemia.
Regulamentações mais rigorosas e tecnologia
A crescente preocupação com as mudanças climáticas levou a uma série de regulamentações ambientais mais rígidas, principalmente na Europa. Os governos de várias regiões estão pressionando as montadoras a desenvolverem veículos mais eficientes e com menos emissões de poluentes.
Isso exige um investimento pesado em tecnologias de motores mais limpos, além da transição para veículos elétricos.
Com o fim das vendas de carros movidos a combustão interna previsto para 2035 na Europa, as fabricantes têm investido bilhões em pesquisa, desenvolvimento e na construção de fábricas de baterias. Esses custos, naturalmente, são repassados aos consumidores.
Por fim, vale citar que outro fator que elevou os preços dos carros nos últimos anos foi a obrigatoriedade de novos sistemas de segurança e assistência à condução (ADAS) nos veículos.
Tecnologias como frenagem automática, controle de manutenção de faixa, detecção de fadiga do motorista e sistemas de emergência são cada vez mais comuns e, em muitos casos, obrigatórias.
Essas inovações são essenciais para melhorar a segurança nas estradas, mas também aumentam o custo de fabricação dos carros, impactando diretamente o preço final para o cliente.